domingo, 3 de outubro de 2010




MINHA MÃE

Sempre trancada em si mesma. Dedicada esposa e mãe, mas ao mesmo tempo com olhar distante. Anos depois, andando pelo centro da cidade( havia matado aula) vi-a a caminhar pela rua e comecei a segui-la. Ela parou numa sorveteria e comprou sorvete de casquinha, viu lojas e visitou um museu de arte, passando algumas horas a observar esculturas e pinturas; depois, foi ao cinema.

Pegou um ônibus e saltou na praia. Caminhava no calçadão, distraída. Segui-a, curioso, especulando um possível amante, mas as horas corriam e tudo se tornava um tédio para mim. Ela caminhou até o mar. Percebi que um homem a observava e resolvi puxar conversa com ele. Era muito simpático e quando minha mãe passou sem nos perceber, o homem comentou: “Uma vez, tentei sair com ela, mas, ela disse que não estava afim.”. Despedi-me dele e não mais a segui.

Quando cheguei, já era noite. O pai e os irmãos estavam à mesa. A mãe colocava o jantar. Aproximei-me e a beijei. Ela sorriu discretamente e me deu outro beijo.

2 comentários:

Angela disse...

Bonito. A descoberta de que a personagem mãe- esposa- dona de casa - é uma pessoa. Tem vida própria.

Marcelo disse...

adoro seguir...não seguir dá uma culpa roedora do sono.

bjs