segunda-feira, 30 de abril de 2012



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ATRIZ

 Mesmo com o teatro vazio, faz sua melhor apresentação. Quando termina se surpreende com borboletas no palco abrindo e fechando as asas.

Em uma tarde chuvosa



As gotas escorrendo pela vidraça da janela e nas grades enferrujadas me dão sono. Parece que o tempo para. Será que alguém a mais de trezentos anos sentiu esta sensação? Deito na cama, a mente viaja. Imagino outra vez a cena: A sombra das gotas da chuva é projetada nos moveis, nas paredes e nos corpos despidos no sofá, tornando-os mais belos. Ao som de CHOPIN - NOCTURNE. Os passarinhos cantam escondidos nas folhagens e nas gaiolas. Estou num ponto suspenso. O barulho da chuva me hipnotiza, meu quarto azul me abraça. Estou sentindo coisas que não consigo nomeá-las, sempre fui péssimo com as palavras. A chuva parece aumentar, imagino que minha cama é uma nuvem. Será que o mundo parou por um instante e todos desapareceram? Sou o único que está no planeta? As palavras e os pensamentos me fogem, estou cansado de caça-los. Por alguns instantes, serei um animal selvagem que só sente. A chuva irá embora, deixa-me aproveitar este intervalo.

domingo, 29 de abril de 2012

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 Vi uma atriz famosa. Riu para mim e fiquei paralisado. Ela sempre fora minha obsessão, ainda bem que a terapia está fazendo efeito...

sábado, 28 de abril de 2012

Nova versão de um conto antigo


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Nina tem uma aranha que mora na sua vagina e quando queremos privacidade, coloco um prato de moscas com leite condensado no corredor.

quinta-feira, 26 de abril de 2012


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UM TELEFONEMA ROMPE O SILÊNCIO 

 “ Alô, lembra-se de mim? Há dez anos que não nos falamos, sabe o motivo? Não recorda? Vamos nos encontrar, quem sabe a gente recorda e brigamos novamente.”

quarta-feira, 25 de abril de 2012



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Um cara me aborreceu hoje e transbordei. Quando esvaziei, vi-o afogado com um peixe na boca.

terça-feira, 24 de abril de 2012

URGENTE

 O RIO LETE TRANSBORDOU, PRECISA-SE DE LEMBRAÇAS E RECORDAÇÃOS PARA A POPULAÇÃO ATINGIDA.



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 Caminho numa cidade vazia. Estou com sede e vejo uma fonte... Sinto-me estranho, estou virando estátua.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

misterio_melancolia.jpg
"Mistério e melancolia de uma rua", 1914
Giorgio de Chirico





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Rua deserta. Luz e sombra preenchem os espaços vazios. Uma menina aparece correndo, é a brisa que dá vida à paisagem.

ENSAIO FOTOGRÁFICO



Se Quiser Tânia Mara Composição: Cláudio Rabello / Louis Biancaniello / Sam Watter


Este super bem produzido ensaio fotográfico foi feito pela minha amiga Kemilly Brenda, uma excelente fotógrafa.

domingo, 22 de abril de 2012

ENGANO 

Mina água da minha cabeça, transformando-se num rio que leva tudo de mim. Queria fazer uma boa prova e tomei compridos em excesso para memória. Mas, ingeri os que fazem o oposto...

sábado, 21 de abril de 2012

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Imgem encontrada na internet




LÚCIO 


 A madrasta o odiava, ele era o reflexo da juventude dela quando a chamavam de branca de neve.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

quarta-feira, 18 de abril de 2012



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 Esvazio-me das lembranças ruins, que se diluem com a água da torneira. Mas, agora, sou acusado de poluidor e estou detido.

terça-feira, 17 de abril de 2012

SAGA DE KASSANDRA EMANUELLE( conto antigo)


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A jovem Kassandra Emanuelle dormia na enorme cama de casal. Sonhava com Pierre. Estavam felizes bebendo champanhe em taças de cristal. Beijavam-se ardentemente. Colocava o travesseiro de plumas entre suas coxas. De repente, uma leoa avançou em Pierre. Estavam passando férias na África. A leoa esmagava o crânio do jovem. Kassandra Emanuelle chorava e continuava a esfregar o travesseiro de plumas na sua vagina. A dor da perda e o desejo de satisfazer suas entranhas se misturavam. Sentia culpa e fome. Pierre beijava-a toda, conhecia cada fragmento de seu corpo. A leoa desfigurou o rosto de Pierre, Kassandra Emanuelle de joelhos no chão urrava de dor. No quarto escuro, um grito de prazer e de angústia surge. A moça ficara na posição fetal. A bá entra no quarto, abriu as cortinas. O sol e o canto dos pássaros adentraram no aposento.

- Não bá,  desejo viver na escuridão profunda.

- Criança, precisa arejar seus pensamentos, olha como o dia está bonito.

 A moça foi à janela. Seu corpo se estremeceu. Viu o filho do jardineiro, um rapaz forte e manco. Os pensamentos dela ficaram um caos e seu corpo trêmulo. Depois do café da manhã, Kassandra Emanuelle passeou pelo jardim...

***
– Alô? Bruno.
– Pai, pode me dar uma ajuda na aula de literatura, senão, vou levar pau.

– Porra, Bruno, estou escrevendo um texto pra revista, tenho que entregar amanhã!

– Mas se eu ficar reprovado é você que vai ter o dinheiro jogado fora.

– Tá bom, vem hoje à tarde. De noite, termino esta merda de texto.

***
Kassandra Emanuelle encontrou o filho do jardineiro cavando... Ela lambeu os lábios ao olhar os braços fortes do jovem. Instintivamente, puxou conversa:

- Oi, você tem jeito com a terra e as plantas. Qual é o seu nome?

- Meu nome, senhora Kassandra Emanuelle, é Vladimir...

***
– Alô?

– Flávio! Quando vai me pagar o dinheiro que emprestei!!!

– Não me pressione. Tenho que acabar um texto. Depois a gente se fala.

– Acho bom mesmo!!!

***

Estava nua perante o espelho, que fora de sua bisavó. A porta se abriu. Escutava uma respiração ofegante e sentia um leve aroma de suor. Continuou a olhar o espelho secular. A imagem de Vladimir apareceu, suas mãos rudes e grandes tocaram todo seu corpo. Levou um susto ao ver o mastro gigantesco do amante, mas, estava preparada para aguentá-lo, mesmo que a rasgasse e morresse de hemorragia. Teria a mesma morte que seu amado Pierre, uma besta a despedaçaria também...

***

– Alô?

– Flávio, se esqueceu de mim? Estou com saudade, meu tigrão.

– Minha docinho de leite, preciso trabalhar. Estou cheio de dívidas, quando terminar, a gente vai fazer vucuvucu gostoso.

– Comprei aquela calcinha de rendinha preta que você adora.

– Oba! A gente se fala depois.

***

Kassandra Emanuelle urra, sentiu-se uma cadela no cio. Vladimir a possuía ferozmente. A velha bá no início se assustara, depois, agachou-se atrás da porta para ver no buraco da fechadura. Ficou tão excitada que começou a se masturbar. A sua velha genitália nunca ficara tão melada, nem mesmo com os dias de glórias de seu falecido marido Jacinto. Na madrugada adentro no antigo casarão, gritos, gemidos e sussurros ecoavam por todos os cantos...

***
– Alô?

– Oi filho, me leva à missa no Domingo. Sua irmã não pode. Você há muito tempo não me visita.

– Te levo à missa sim, depois a gente se fala.

***

Na manhã seguinte, todos fingem que nada acontecera. Kassandra Emanuelle e Vladimir se embrenhavam no bosque. Faziam tanto barulhos que os animeis silvestres fugiam com medo, iam para bem longe. O império do prazer reinava...

***

– Alô?

– Oi sou a Mafalda do apartamento 208.

– Sim.

– Por que você só escreve pornografia? Quando li um livro seu, passei mal.

– Dona Mafalda, então não lê meus livros. Desculpa. Estou cheio de coisa pra fazer.

***
Kassandra Emanuelle apaixonara-se por Vladimir. Ela teve vergonha, é uma condessa. Decidira fugir para Paris junto com a velha bá. Todavia, Vladimir juntou algumas economias e foi ao seu encontro. Ninguém pode fugir dos caminhos tortuosos da paixão. A saga de Kassandra Emanuelle continua...

***

– Alô...

domingo, 15 de abril de 2012

CENA DE SONHO




Ao som de CHOPIN - NOCTURNE

A sombra das gotas da chuva que escorrem na vidraça é projetada nos moveis, nas paredes e nos corpos despidos no sofá, tornando-os mais belos.





LISBON REVISITED (1926)
(Álvaro de Campos)


Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.


Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.


Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...


Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.


Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.


Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...


Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?


Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.


Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...


Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...


Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...

Crédito do site: http://www.culturapara.art.br/opoema/fernandopessoa/fernandopessoa.htm

sábado, 14 de abril de 2012



Nicoletta Tomas Caravia - Amantes 35 (2001)






VORAZES 

Atravessaram a madrugada inteira fazendo sexo, mas o vazio aumentava ainda mais, depois de cada transa. Despediram-se secamente, mas continuaram com fome.

sexta-feira, 13 de abril de 2012


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POBRE ALMA

 Estava triste e só, de repente, percebeu um homem olhar para ela. Era um conquistador de jovens-fantasmas-carentes.

quinta-feira, 12 de abril de 2012




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 Acordo com uma ideia para escrever, mas ela desaparece e só vejo as cortinas se moverem. 

quarta-feira, 11 de abril de 2012


Crédito da imagem: http://www.tribunahoje.com/noticia/21898/interior/2012/03/25/homem-e-esfaqueado-dentro-de-bar-em-arapiraca.html

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 Estou decidido. O telefone toca. Depois de ouvir horas um amigo desesperado, coloco a faca na gaveta. No quarto, vovô continua a roncar.

segunda-feira, 9 de abril de 2012


edvard munch young girl on a jetty


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Quando percebo a imensidão me transformo numa partícula livre de mim.

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Helena está inerte encostada no meu ombro. Estamos sentados num banco da praça. Está muito frio. Adeus

domingo, 8 de abril de 2012


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No palco vejo um rosto conhecido e trocamos sorrisos. Não nos víamos há vinte anos. Era meu pai e o abismo entre nós sumiu.

sábado, 7 de abril de 2012



- TIO...

 Por que escreve a metade de uma história e a outra fica na sua cabeça? Não entendo nada! Posso partir sua cabeça com o machado e ler a parte que está faltando?

sexta-feira, 6 de abril de 2012



Crédito da foto: http://www.dvdbeaver.com/film2/dvdreviews29/picture_of_dorian_gray.htm





JOVEM GRANDIOSO

Vê uma senhora cair e sente ódio dela. Pois, era a prova de que não vivia num mundo perfeito. 



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 Hoje, encontrei um ovo pintado na minha porta e explodi de felicidade. Significa que posso retornar e que fui perdoado.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Nesta manhã tive a revelação por estar sempre enjoado: Vivo num barco à deriva.

terça-feira, 3 de abril de 2012


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" MAR PARE DE ME MANDAR TORPEDOS NO CELULAR,  ESTOU ENCHARCADO." 

segunda-feira, 2 de abril de 2012


(Composição de Figura Só - Tarsila do Amaral)


- Tia, vou sempre neste lugar do quadro, essa menina sou eu. 


 - Não se sente sozinha?


 - Sinto-me bem e quando fico de saco cheio, desenho uma porta e volto para casa.