sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

" DOCES LEMBRANÇAS"( CONTO REVISITADO)





Quanto mais velho eu fico, percebo que não sei nada. Tudo que acontece há várias interpretações. Até os conceitos básicos do bem e do mal, variam de acordo com diferentes pontos de vistas.

Estou perdido e talvez nunca me ache de verdade em um labirinto de janelas, que são prismas  sobre  este  mundo,  onde vivo.
 
De repente, lembro-me do menino que eu era. Adorava passear na fazenda dos meus avós. Era tratado com um “reizinho” por todos. Quando brincava com os filhos dos empregados, sempre era o líder.

Minhas festas de  aniversário  eram  surpreendentes.  Bem, no meu olhar de garoto, a época era boa e me sentia  feliz por fazerem  todas  as  vontades.  Mas, um dia, um monte de homens armados invadiu a fazenda, prenderam meus pais e meus avós. Os empregados com seus filhos se abraçavam contentes.  Uma antiga empregada abraçou-me e a ouvi pedir para os caras armados me deixasse ficar com ela. 

Então, fui morar numa casa simples da periferia. No início, fiquei revoltado, queria minha vida antiga de volta, mas, com o tempo, fui me adaptando e os dias na fazenda se tornaram um belo sonho. Anos depois, quando voltava do trabalho, na porta de casa havia uma jornalista. Queria me entrevistar sobre minha família biológica. Minha mãe de criação apareceu e a expulsou e veio conversar comigo.

Bem... É lógico que eu sabia de tudo, porém, não queria ter consciência disso, principalmente, perder as doces lembranças da infância. A verdade veio dilacerando meu reino particular.

Minha verdadeira família escravizava as pessoas para trabalhar na fazenda. Todos me tratavam bem, porque eram obrigados.  Fiquei alguns dias à deriva.
Minha mãe adotiva me disse para tocar a vida. Seguirei seu conselho. Quem sabe um dia me encontre por aí. 


terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Conto revisitado






Tentei reescrevê-lo. Achei que estão versão  ficou um pouco melhor. 


INSTINTO DE SOBREVIVÊNCIA

"O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente" Sigmund Freud




André adorava pintar paisagens e muitos o achavam cafona. Sua namorada, uma crítica de arte, dizia que precisava mudar urgentemente de estilo, já que a pintura acadêmica ficou muito “demodê”. A mãe de André não concordava, adorava os quadros do filho, porque transmitiam paz. 

Quando a noite surgia, André tinha pesadelos e ao amanhecer desenhava as criaturas estranhas e as trancava numa jaula nos fundos da casa. Somente a mãe tinha acesso ao lugar, para alimentar os seres taciturnos.

Com o passar do tempo, a noiva percebeu que havia um segredo na casa e resolveu investigar.   Seguiu André e encontrou um  esconderijo,  onde  havia uma jaula com  um monte de pinturas  penduradas nas grades.  Quando observou, ficou admirada com a coleção de desenhos grotescos que lá habitavam. Aproximou-se da jaula, de repente ouviu rugidos apavorantes. Ficou paralisada de medo. O cadeado da jaula se rompeu.

Na manhã seguinte, ao encontrar o corpo da amada estraçalhado se desesperou e foi pedir ajuda à mãe.

 - Meu filho, além das criaturas fugirem, precisamos nos livrar do corpo.  

- E o pior que surgirão outras criaturas através dos meus pesadelos.

- André, é só reforçar o cadeado e ter mais cuidado para ninguém descobrir. Entretanto, um problema por vez.

Um vulto passou rapidamente entre eles e sentiram um odor forte. Não estavam sozinhos.  




segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

INVISÍVEL




Sentia-se assim, já que todos o esbarravam na rua. Vivia tão calado que nem se lembrava de sua voz.  Com o tempo, adquiriu o hábito de seguir e a observar as pessoas. O vazio que sentia, diminuía  brevemente. Nas festas de finais de ano, começou a entrar de penetra nos lugares, para se alimentar das alegrias dos outros. 
Em certo natal,  entrou numa casa e, como  sempre,  ninguém  o  percebeu.   Explorou a casa, até encontrar  uma menina  que lhe  sorriu.  Pegou em sua mão e o  levou  ao quarto.  Seu corpo estremeceu, há tempos que ninguém o tocava. Tentou lembrar-se de  alguma lembrança remota, mas, só havia uma tela em branco.
Ela mostrou os brinquedos novos e não parava de conversar.  De repente, alguém a chamou.  Minutos depois, ela voltou com sua mãe para apresentar o novo amigo. A mãe  pensou que  se  tratava de  um novo amigo imaginário. Mandou a garota brincar com os primos e fechou  a janela  escancarada do quarto  para não entrar  insetos. 
Ele correu com o coração quase saindo pela boca. Sentia felicidade e medo ao mesmo tempo,      por se  visível  por segundos. Perguntava-se como agiria  se todos voltassem a vê-lo, acostumara-se a não ser visto.  Um  grupo de  homens e mulheres  passou por  ele e lhe desejaram  um  feliz natal.  
Retribuiu e quando ouviu sua voz, um  onda  de  alegria o  arrebatou.





****


domingo, 2 de dezembro de 2018

FÉRIAS DE MIM





De repente, olho para uma menina que me chama de vovô. 

Assusto-me e me olho no espelho e meu corpo está bastante velho. Quando não aguentava mais o cotidiano, viajava para fora do corpo e o alugava por temporadas. 

 Mas, nessas idas e vindas perdi a noção do tempo.

RELAÇÃO INESPERADA( conto antigo e revisitado)

Imagem encontrada no google


Ela chega a casa. Vai direto ao quarto rosa, mas não encontra ninguém; só o cachorro deitado na cama. O rosto fica tenso, mas ao olhar para o bicho não consegue brigar.


Acorda ao ouvir uivos no quarto rosa. Os olhares da mulher e do cão se encontram, sofrem a mesma dor. O animal se aproxima, mas ela se afasta.


O animal não quer comer. Fica deitado no chão a olhar para a porta. Ela respira fundo, está com a coleira nas mãos. Vai devagar e consegue colocá-la no cão. Caminham um pouco.

Aproximam-se a cada dia. O cachorro  lhe faz festa  e ela devolve com um sorriso espontâneo.

O quarto rosa continua intacto. Fotos de viagens espalhadas por todo lugar e a cadeira de rodas. No dia seguinte, o quarto rosa não existirá mais.

Ela e o cachorro sempre passeiam pelo bairro. Os vizinhos estranham, pois ela sempre demonstrou sentir medo de bichos. Ambos usam um pingente com as iniciais da dona do quarto rosa que agora está na companhia dos anjos.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

PIERRE E CALEBE( Conto antigo)





Helena quando conheceu Pierre se encantou. Era um homem bonito,  bondoso e nunca perdia a paciência. O único problema era que Pierre tinha a foto do irmão falecido e gêmeo (Calebe) por todo apartamento e Helena se incomodava um pouco com este fato. Mas, Pierre era tão especial, que Helena relevou.
O tempo passou... Helena se casou com Pierre e foi morar no apartamento dele. No início, queria fazer uma reforma no lugar e tirar as fotos espalhadas de Calebe.
Todavia, não queria magoar os sentimentos do marido e resolveu deixar para lá, mais uma vez.  Além da bondade de Pierre, ele foi o único homem que satisfez Helena na cama e a jovem se sentia completa.
Na verdade, Helena não se entregava para Pierre. Quem a possuía era o espírito de Calebe. Pierre amava Helena, mas não gostava de sexo. Ele  passava a madrugada inteira, dando comida aos mendigos, já que sentia um prazer sem limites, quando ajudava  ao próximo.
Ao amanhecer, Pierre entrava no quarto de mansinho para não acordar Helena, que dormia tranquilamente. Olhava agradecido para foto do irmão e Calebe retribuía com a fisionomia de cumplicidade.

QUERIDO DIÁRIO( VERSÃO ANTERIOR ( 2014))


Às vezes, gosto de revisitar contos antigos meus e fico surpreso  com  a imensidão de bosta que produzi. Já quis escrever coisas engraçadas que saíram  um tremendo mau gosto e tive épocas  que me achava super original...  Quanta pretensão tola!!!
Neste conto, tentei reescrevê-lo com a intenção de treinar a escrita. Com certeza nunca será publicável. 
Por fim,  aprendi  a não me levar muito. Postarei no meu blog  e  pronto. 
É meu espaço para exercitar, mesmo.

Imagem encontrada no google


QUERIDO DIÁRIO
Resolvi fazê-lo porque estou desesperada com minha vida caótica. Então, tento colocar minhas ideias em ordem e me entender como indivíduo. Sigo o conselho do meu saudoso psicanalista, que foi hipnotizado pela minha mãe-bruxa-secular para ser escravo sexual. Coitado, para se livrar dela, jogou-se de um viaduto.
Bem, meu amigo, minha família é repleta de criaturas mágicas. Meu pai é um vampiro que sempre matou meus namorados e ele tem um hábito horrível de roubar minhas roupas. Quer ser eu e isso o angustia. Por isso, qualquer homem que se aproxima de mim, meu pai o deseja e o mata. Além do mais, pedi minha mãe a lançar um feitiço para proteger meu armário. Estava ficando sem roupa.
Meu irmão é um lobisomem e meio alienígena. Como já disse, mamãe é uma bruxa ninfomaníaca. Ela aprisiona todas as espécies de machos para serem servos sexuais. O mano é um cara bacana, mas quando fica bravo, mata povoados inteiros.
Sou a única normal da família e triste por não ter nenhum amigo ou namorado. Fugi de casa e uma comunidade religiosa me acolheu. Eles me consideram muito especial e até faço parte do coro da igreja.
O pastor me disse que preciso perdoar. Então, resolvi passar o natal com minha família, já que é uma época de solidariedade e perdão.
Será que estou sendo rancorosa, meu querido diário? Desejo tanto desnudar minha alma e perdoar minha família!!!
Bem, resolvi chamar Augusto Emanoel, meu noivo amado. Ele quer conhecer muito minha família e passar o natal comigo. O que acha, amigo diário, será que dará certo?
***
Ah, meu amigo, quero lhe mostrar um poema antigo que escrevi e que minha professora de literatura me falou que era muito profundo e intenso. Coitada, ela foi assassinada pelo meu irmão, porque não quis ficar com ele.

Sou menina travessa
Mas, quando quero, sou mulher sensual
Porém, posso ser fera faminta
Logo, menina- travessa-mulher-sensual-fera-faminta

E aí? Será que sou uma poetisa, querido diário?
***
Querido diário, as festas de final de ano passaram. Percebi que não posso me reconciliar com minha família. Todos tentaram devorar Augusto Emanoel e tivemos que fugir pela alta madrugada.
Minha mãe mandou suas bestas de estimação para nos perseguir. Foi horrível e ao mesmo tempo muito triste.
Porém, encontramos algumas pessoas vestidas de branco e que faziam oferendas numa encruzilhada. Elas nos ajudaram sem pestanejar e unidos, mesmo possuindo crenças diferentes, conseguimos fazer a barreira do bem, que defendeu a todos de todo mal de minha família diabólica.
Meu querido diário, o amor venceu mais uma vez ao ódio cruel. Eu e meu noivo estamos muito bem no momento. Além, é claro, ganhamos novos amigos.
Entendi que o amor significa diversidade e foi muito bom descobrir esta verdade divina.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Passarinho




Voa por aí e depois retorna para meu peito.
Sua cantoria me ressoa por inteiro, transbordando-me vida.
Um dia, não voltará e irei perecer.
Ele sou eu.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Mortos ou vivos







Vivian está no quintal para escapar do calor. Sempre está à espera de algo. "Sinto que sou a única pessoa viva a atravessar esta madrugada. Ou estou morta ou esquecida nesta casa.".
Ouve um barulho repentino e se assusta.  Fica surpresa ao sentir qualquer coisa, depois de tantos anos. Constantemente ficava em dúvida se estava  vivia ou presa em um sonho.

Wanderson foge por muito tempo e nem tem mais a consciência dos motivos de sua fuga. 
"Assalto, tiros, Luiz é preso, Vânia atravessa a fronteira, meus pais dizem que estou morto para eles. Vivian...".
Se assusta, porque pensou em Vivian. Percebe estar na frente da casa dela.
Vivian é um pouco mais velha que ele e foi sua professora particular. Lembra-se do cheiro agradável que exalava dos cabelos longos da moça (professora particular). Ela o tratava muito bem, lhe oferecia lanches e lembranças de aniversário.  

 Vivian reconhece Wanderson pelo olhar. O medo que sentia passa.
- Rapaz, por que não apertou a campainha?
- Desculpa, se quiser, vou embora.
- Não. Está todo suado,  precisa de um banho. Pegarei umas roupas velhas do meu irmão. Sabe, ele foi para Portugal depois da morte de meus pais. Vem comigo.

Wanderson se esvazia  de seus pensamentos. Por um momento, parece que a ducha os leva para o ralo. Depois começa a pensar o que o levou a chegar nesta situação. Tem a impressão de que nunca segurou as rédeas de sua vida. Deixa-se levar pelos acasos.

Pensa em Vivian novamente e de como ficou com raiva por não ser correspondido. "Jurei nunca mais pisar nesta casa e voltar a vê-la. Ainda tem aquele cheiro nos cabelos.". Percebe-se excitado.

Vivian prepara um lanche para o ex-aluno. Sente-se estranha ao pensar em Wanderson. Como ele está forte... Sabia que ficaria assim.". Arrepia-se, não gosta de pensar certas coisas, "parece que sou outra". Todos que a conhecem a consideram como generosa e correta. Vivian incorpora impecavelmente este papel, mas, há momentos em que ela se acha incompleta. Não consegue experimentar intensamente os sentimentos, "parece que estou num palco representando uma  personagem única".

Nunca entendeu os motivos pelos quais Wanderson desapareceu. Adorava ensiná-lo. Pensava nele mais velho. Seria um cavalheiro e iria tratar bem uma mulher...

Agora, mesmo diferente do que imaginava, Vivian se encanta com
Wanderson e junto  vem a vergonha. “Estou esquisita. Não  controlo  meu  corpo  que não  para de  vibrar”. 

Wanderson vai à cozinha e se depara com a mesa posta. Lembranças já mortas ressuscitam. Vivian se  senta, também...

- Rapaz, você cresceu.  Por onde andou?
-  Vaguei por aí, que nem  uma alma penada.  E  você?
-  Continuei aqui,  fincada nesta casa. Meus pais se foram e meu irmão mora em Portugal com a família. Sou uma alma penada que tenta  sobreviver  a mais uma madrugada calorenta... Estou  curiosa,  por  que  veio?

-  De repente estava em frente a sua casa e percebi  que  precisava te ver. Acho que temos algumas questões a resolver.

- Bem,  você desapareceu do nada e não entendi o motivo.

- É que eu te amava.

-  Como?  Era só  um menino.

-  E daí? Eu a amava e pronto e você só queria brincar de professorinha boazinha.

- Eu não sabia de seus sentimentos, me desculpa.  Aliás, eu nunca pensei  que despertaria este sentimento em alguém. Como vê, estou sozinha. Está vingado?

- Não vim aqui por vingança. Queria vê-la mais uma vez. Por que nunca se casou?

- É que sou complicada. Não sei como explicar, procuro por alguma coisa e passei  muito tempo nesta busca. Muitos me acham exigente, mas realmente não sei. Nunca me apaixonei por ninguém  e fui  levando minha vida. 

- Engraçado, o tempo todo eu era insatisfeito  e ficava procurando procurando...

-  Também  havia meus pais e meu irmão.  Sempre me consideraram perfeita e nunca quis  macular  a imagem  que eles tinham de mim.  E seus pais?

-  Morri  para  eles.  Tomei muitas atitudes equivocadas sem pensar. Fui sendo levado e me enrolei  num emaranhado que não dá para  sair. Até achei já estar morto. Porém, quando a vi...

-  Pare com isso!!! É um bom homem, eu o conheço.  Também me sentia morta até reencontrá-lo.

Conversam animadamente, trocam confidências e nem percebem que o amanhecer surge com os cantos dos pássaros.

Então, os primeiros raios do sol iluminam seus beijos. Seus corpos se encaixam perfeitamente e eles aproveitam cada segundo, já que acabam por se descobrir momentaneamente vivos. 

Mesmo envolvidos no gozo, ouvem os barulhos da cidade recém-acordada e não  se  sentem mais almas solitárias. Estão conectados com a  vida, por enquanto.  
...

A empregada entra na casa vazia. Costuma fazer faxina a pedido do patrão que mora em  Portugal.  Ao entrar acha o lugar desarrumado, principalmente o quarto de Vivian. Parece que alguém invadiu a casa. Ao ligar a tevê escuta que um bandido morreu ali perto.  

domingo, 28 de outubro de 2018

CONEXÕES



"Fake News" "chega de corrupção" "fascismo" "nossa bandeira é verde amarelo" "ditadura nunca mais" "cala boca" "não calo" "vai estudar um livro de História" " vai aprender a escrever" "mais amor e menos ódio" " Vai lavar uma roupa suja" "eu vô te dar uma bofetada" "pode vim" "vai pra Cuba e Venezuela" "vamos conversar" "sai daí só quer aparecer...."

Enquanto isso, um passarinho procura por comida, alheio a estas disputas. 

sábado, 27 de outubro de 2018

Transferências e extravasos ll


" Quem nunca e enviou textão-desabafo pelo WhatsApp, jogue a primeira pedra"

"Vivian, eu não aguento mais, Vivian. Sabe, Vivian é muita hipocrisia, Vivian. As pessoas têm revolta seletiva, Vivian. Sabe, só porque uma vereadora esquerdista morreu, aí, vem um bando de gente com plaquinhas em homenagem a ela, inclusive, estes artistas de merda, Vivian. Todos hipócritas, Vivian. Se fosse eu, o assassinado, ninguém ligaria. Por que isso, Vivian? Por que as pessoas pouco estão se fudendo, para mim, Vivian? Eu existo, Vivian. Estou cansado de ser assaltado, Vivian. Nem terminei de pagar meu último celular, Vivian! Vivian, estou puto com tudo. Nosso país é uma merda. Só tem bandido nessa porra, Vivian! BASTA DE CORRUPÇÃO! Me sinto abandonado, Vivian. Parace que sou invisível. Mas, estou aqui, Vivian. Por que não ganharei uma placa, Vivian? Esse pessoalzinho de esquerda e artista é tudo elitista e macanhoeiro, Vivian. Vivian, eu não sou fascista, porém, acho que precisa exterminar esse povinho para a paz voltar ao país, kkkkk. Só quis desabafar, Vivian. É que não aguento mais você  compartilhar posts desses excrementos. Vivian, está iludida. Eles nunca deixarão você entrar no mundo deles. Vem comigo na luta para resgatar os valores verdadeiros da família e combater a corrupção que estraga o Brasil. Nossa bandeira é verde e amarela, não tem vermelho, Vivian. Pense nisso, minha querida."

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Transferências e Extravasos



"Quem você pensa que é? Se acha especial, só porque viaja para lugares bacanas, tem uma bela namorada e leu alguns livrinhos de bosta? Você é lixo e sua vida é insignificante. Odeio você, porque conhece lugares lindos e eu estou fodido e quase  sendo despejado. Você não sabe de nada e vem com esse discurso de politicamente correto e que  estamos juntos. É um hipócrita!  Pensa que não sei, é um canalha que vive nas tetas do governo e se acha O ARTISTA. Falo mesmo, durante anos não pude falar nada,  fui obrigado a ouvir um monte de merda e não pude revidar. Cambada de filhos da puta, vocês, artistas, pensam que são mais evoluídos que a gente, mas, são uma montanha de bosta. Vão chupar uma rôla. Deixa eu falar, eu preciso falar. Chega de ser machucado, preciso ferir. O lance é a meritocracia, já vi muita gente pobre se dá bem na vida. Ninguém  me ouve, só quando agrido e alguém famoso me responde. Eu existo, caralho! Podem falar que preciso ler um livro de história, porém, se me respondeu  é porque incomodei. Como despertar o ódio pode ser prazeroso, cheguei a ter múltiplos orgasmo. São um bando de vagabundos. Repetem sobre a ditadura, mas, meus pais nunca foram torturados. Quem era trabalhador de verdade não sofreu nada. Ótimo, o aperto no peito que estava sentindo, passou. Estou mais leve por ter cagado nesse pessoalzinho ridículo  que só teoriza e problematiza e não faz nada, como você, galã fracassado de novela. Já está velho e nem consegue mais um baile de debutante. Agora, quer ser cult. Vai dar este rabo. Quando a gente se encontrou, virou a cara para mim. Sou eu que não quero nada de você, lixo humano. Não está satisfeito com o Brasil, vai pra Cuba e  pra Venezuela Kkk"

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Segurança e Liberdade






Eram duas irmãs com temperamentos opostos. A primeira vivia vigilante e a segunda queria voar por aí.
Segurança aconselhava a Liberdade cautela, pois o mundo não era como sua irmã pensava.
Liberdade exausta com os conselhos da Segurança fugiu de casa e se jogou para o mundo. 
Segurança ficou depressiva, já que não tinha mais a leveza da Esperança. Os dias ficaram mais chatos.
Um dia, Liberdade voltou. Estava ferida e vazia por dentro.
Segurança a abraçou e cuidou dela até voltar a ser como era, para iluminar o lar novamente.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

CONFUSO


Estou à deriva com tantas informações. Não estou conseguindo processar. Por que tem esta disputa de quem matou mais, os regimes capitalistas versus comunistas? Esta competição ajudará alguma coisa? Ambos mataram muita gente, não é mesmo? Por que não se evolui para uma discussão madura a este maniqueísmo de telenovelas ou desenhos animados? Realmente, é muito complexo para mim. Não adiante ficar brigando, ditaduras capitalistas e comunistas prejudicaram muita gente e ponto final.  Sei lá, preciso urgentemente voltar aos livros de história.  As informações que aparecem nas redes sociais me jogam para um labirinto e não tenho o fio da Ariadne para me auxiliar a sair dele.  Sinto que estou caindo de um precipício direto a uma piscina tone.  O vazio me consome e estou cada vez mais raso, tudo está se tornando grotesco e sem sentido.  Ninguém conhece ninguém e muitas vezes nem  a gente se conhece. Prefere-se viver na superfície. Minha cabeça transborda de  tantos por  quês?  Enquanto isto, vivo num mundo no qual todos são especialistas em economia, história e política e fico calado, guardando minha insignificância. Berram seus saberes profundos originados de fontes confiáveis do Whatsapp. Misturam conceitos que levam a uma indigestão mental e percebo que eu estou no quadro de Guernica de Picasso. Preciso me desconectar um pouco, apreciar algo belo. Estou pesado e necessito da leveza efêmera da natureza.  Deitar na cama no quarto escuro e apreciar o silêncio, ou, perambular por aí sem compromisso. Não entrarei em desespero, venha o que vier, estarei pronto. Agora, me deixa estudar e assimilar um pouco e não reproduzir mais caganeira. Já pensou, ser tragado pelo vaso sanitário?

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

A lua me disse, quando estava no ônibus indo ao trabalho...






 " A história sempre se repete porque é a mesma de sempre. Eduardo, só muda os personagens. E o pior que fico entediada de ver os mesmos filmes por milênios. Como queria ser que nem você. Sentir o melhor e o pior pela primeira vez." 

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Ódio gratuito





-Amiga, por que chamam a gente de piranha?

- Não sei, miga. Nós somos só manequins nuas.


- Pois é, para que tanto ódio?

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Série Whatsapp

O sentido da vida?



Desconectado


MENSAGEM ERRADA


terça-feira, 25 de setembro de 2018

“Não eram os únicos neste vasto mundo”






"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente."
Clarice Lispector


Antes da faculdade, Lauro e Laura viviam suas solidões, apesar de terem amigos. Quando se encontraram foi amor à primeira vista. E tinham um segredo em comum, embora não o conseguissem definir cvom clareza.

No início, muitos os achavam interessantes, mas, com o tempo, as atitudes do casal causavam estranheza aos amigos e familiares. Lauro e Laura se beijavam, se davam as mãos e não se separavam por nada, porém, pareciam não ter contato sexual.

Se alguém perguntava como era o sexo pra eles, desconversavam. Quando estavam com amigos no quarto, olhos curiosos observavam e ficavam intrigados ao vê-los deitados, dormindo profundamente ou abraçados assistindo a tevê. 

Amigos e familiares ficavam preocupados e sugeriam que esquentassem a relação. Que comprassem roupas sensuais e brinquedos eróticos. Os namorados não entendiam esta pressão para fazer sexo. Não tinham vontade nem interesse em conhecer esses objetos.

Em uma ocasião, numa viagem entre conhecidos, um colega agarrou Laura para ver se com a "pegada" dele, a moça ia se viciar em sexo. Ela ficou apavorada e Lauro a salvou da situação, chegando a lutar com o abusado. Lauro passou por momentos constrangedores, também. Algumas meninas o paqueravam e quando não eram correspondidas, chamavam-no de viado.

À medida que o tempo passava, a situação tornava-se cada vez mais opressora. O respeito por eles não existia mais.  Resolveram cortar relações e viviam como exilados.

Anos depois, assistiram a um programa de televisão, cujo tema era assexualidade. Os dois se olharam e se perceberam. 

Então, sentiram-se leves. Não eram os únicos neste vasto mundo.



quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Íntimos e Estranhos



"Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.”



“Coisa estranha isso, né? Não conhecer as pessoas. Pior que, às vezes, nem eu sei quem sou. Como já ouvi dizer, todos nós somos atores e escolhemos o melhor de nós para mostrar.

Eu não tenho nada de excepcional. Saí da casa dos meus pais com quarenta anos. Fui motivo de piada por ter saído tarde. Porém, morar com eles era tão cômodo...

Perguntaram-me uma vez o que me levou a sair da casa deles. Embromava, porque não queria pensar muito nisso. Era um assunto estranho e desejava empurrar para as profundezas de mim.

Tudo começou com uma lembrança antiga, de quando tinha uns três anos. Estava com meus pais numa praia deserta. Minha mãe me distraía, enquanto meu pai carregava algo pesado. Recordo-me que, mesmo brincando com minha mãe, eu sentia um desconforto. Para onde o papai ia com aquele peso e por que pegou uma pá depois? Minha mãe ria nervosa para mim e me chamava atenção para o castelo de areia que fazia. Eu estava feliz, entretanto, algo não fazia sentido.

A maré subiu e o castelo se desmanchou. Chorei, meu pai me pegou no colo e fomos embora. O silêncio entre eles era sufocante. Depois, os dias correram e me entreti com outras coisas. Até então, tive uma vida muito boa, mas algo aconteceu dali pra diante.

Ao chegar a minha casa, meus pais estavam absortos pela televisão.

Olhei e exibia uma reportagem sobre um corpo encontrado numa praia havia muitos anos. Eles perceberam minha presença e me olharam friamente. Fui dormir e, intuitivamente, tranquei a porta do quarto. Semanas depois, já morava em outro lugar.

Meus pais resolveram fazer uma viagem e disseram que ficariam fora por muito tempo. Não sei onde estão. A única conclusão a que chego é que nunca conheci meus pais, realmente. Só me mostravam o que lhes convinham.”