sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

" DOCES LEMBRANÇAS"( CONTO REVISITADO)





Quanto mais velho eu fico, percebo que não sei nada. Tudo que acontece há várias interpretações. Até os conceitos básicos do bem e do mal, variam de acordo com diferentes pontos de vistas.

Estou perdido e talvez nunca me ache de verdade em um labirinto de janelas, que são prismas  sobre  este  mundo,  onde vivo.
 
De repente, lembro-me do menino que eu era. Adorava passear na fazenda dos meus avós. Era tratado com um “reizinho” por todos. Quando brincava com os filhos dos empregados, sempre era o líder.

Minhas festas de  aniversário  eram  surpreendentes.  Bem, no meu olhar de garoto, a época era boa e me sentia  feliz por fazerem  todas  as  vontades.  Mas, um dia, um monte de homens armados invadiu a fazenda, prenderam meus pais e meus avós. Os empregados com seus filhos se abraçavam contentes.  Uma antiga empregada abraçou-me e a ouvi pedir para os caras armados me deixasse ficar com ela. 

Então, fui morar numa casa simples da periferia. No início, fiquei revoltado, queria minha vida antiga de volta, mas, com o tempo, fui me adaptando e os dias na fazenda se tornaram um belo sonho. Anos depois, quando voltava do trabalho, na porta de casa havia uma jornalista. Queria me entrevistar sobre minha família biológica. Minha mãe de criação apareceu e a expulsou e veio conversar comigo.

Bem... É lógico que eu sabia de tudo, porém, não queria ter consciência disso, principalmente, perder as doces lembranças da infância. A verdade veio dilacerando meu reino particular.

Minha verdadeira família escravizava as pessoas para trabalhar na fazenda. Todos me tratavam bem, porque eram obrigados.  Fiquei alguns dias à deriva.
Minha mãe adotiva me disse para tocar a vida. Seguirei seu conselho. Quem sabe um dia me encontre por aí. 


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