Quanto mais
velho eu fico, percebo que não sei nada. Tudo que acontece há várias
interpretações. Até os conceitos básicos do bem e do mal, variam de acordo com
diferentes pontos de vistas.
Estou
perdido e talvez nunca me ache de verdade em um labirinto de janelas, que são prismas sobre
este mundo, onde vivo.
De repente,
lembro-me do menino que eu era. Adorava passear na fazenda dos meus
avós. Era tratado com um “reizinho” por todos. Quando brincava com os filhos
dos empregados, sempre era o líder.
Minhas festas de aniversário
eram surpreendentes. Bem, no meu olhar de garoto, a época era boa e
me sentia feliz por fazerem todas
as vontades. Mas, um dia, um monte de homens armados
invadiu a fazenda, prenderam meus pais e meus avós. Os empregados com seus
filhos se abraçavam contentes. Uma antiga empregada abraçou-me e a ouvi
pedir para os caras armados me deixasse ficar com ela.
Então, fui morar numa casa simples da
periferia. No início, fiquei revoltado, queria minha vida antiga de volta, mas,
com o tempo, fui me adaptando e os dias na fazenda se tornaram um belo sonho.
Anos depois, quando voltava do trabalho, na porta de casa havia uma jornalista.
Queria me entrevistar sobre minha família biológica. Minha mãe de criação
apareceu e a expulsou e veio conversar comigo.
Bem... É lógico que eu sabia de tudo,
porém, não queria ter consciência disso, principalmente, perder as doces
lembranças da infância. A verdade veio dilacerando meu reino particular.
Minha verdadeira família escravizava
as pessoas para trabalhar na fazenda. Todos me tratavam bem, porque eram
obrigados. Fiquei alguns dias à deriva.
Minha mãe adotiva me disse para tocar
a vida. Seguirei seu conselho. Quem sabe um dia me encontre por aí.
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