quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

contos antigos



SEM PRETENSÕES

Acabou a luz no planeta. Escrevo em uma agenda. O breu consome tudo. Continuo a colocar o que sinto no papel. A luz não existe mais, ninguém lerá meus pensamentos dispersos. Nas trevas sinto que os outros sentidos estão mais potentes. Percebo o perigo a quilômetros de distância. Pertenço a um clã e todos nós ficamos sempre alerta. Na escuridão, gritos horríveis surgem por todos os cantos e devemos estar precavidos para fugir. Antes, não sabia onde começava e terminava de escrever, com o tempo, sentia com os dedos a tinta da caneta e deixei de sobrepor as palavras. Alguns companheiros dizem “Besteira escrever nas trevas. Ninguém lê”. Respondo que tudo bem. No início tive a ponto de desistir, porém é uma terapia, ou melhor, uma sessão de descarrego. Quando termino, fico com o corpo leve. Finalmente, consigo escrever sem pretensões, tornando-me livre.


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


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TORPEDO


“ Quero você”


“Meu coração é de outro, desculpa”
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- ACONTECEU UM CRIME PERTO DE CASA




- O quê?




- Apareceu um corpo de mulher esquartejado sob a ponte.




- Que coisa... Mas, será que o assassino a matou primeiro e depois a esquartejou?




- Tomara.




- Mas, será que foi estuprada?




- Talvez.




- Coitada! Ser violentada, morta e esquartejada?




- Não necessariamente nesta ordem. Tudo está de pernas pro ar hoje em dia.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

“ NÃO SE LEMBRA DE MIM?”

 



Ando pelas ruas, encontro um olhar de raiva. De repente sinto a vida fluir dentro de mim e um medo de morrer. Apresso os passos, mas ele é mais jovem. Estou cansado, quero viver e o medo me paralisa. Sento no chão, vencido.  O perseguidor para na minha frente:

- Quer ajuda?

- Não.

- Parece um trapo.

-  Sei... O que quer?

- Quero dizer que venci.

- Que bom, mas o que tenho a ver com isso?

- Não se lembra?

- Não.

- Era professor...

- Faz muito tempo.

- Você adorava chamar um aluno de burro e que seria um perdedor pelo resto da vida.

- Pois é, as coisas mudam.

- Não se lembra de mim?

-  Estou oco.

- Certo. Só quis que soubesse que venci.

- Parabéns.


O jovem foi embora e me levantei estranhamente reconfortado.

Fui marcante para alguém nesta vida. 


EXCLUSIVO


ESCRITOR USA O MAU GOSTO PARA MATAR TEXTO QUE TINHA TUDO PARA DAR CERTO. CRÍTICOS-POLICIAIS O PRENDERAM DEPOIS DO CRIME CONSUMADO.




sábado, 25 de fevereiro de 2012





NÃO ADIANTA...

Mato o menino carente a espera de elogio. Mas, ele continua a viver, atrapalhando-me a imergir no imenso vazio. Sempre o vejo ao meu lado no espelho. Parecemos siameses. Mamãe sempre disse que não podemos fugir de nós mesmos... 

Pois é, a chata sempre tem razão.

Ideia antiga


"Para tornar a realidade suportável, todos temos de cultivar em nós certas pequenas loucuras."


Fonte - À Procura do Tempo Perdido   Autor - Proust , Marcel


PARA SEMPRE AMIGOS

Na janela ampla da sala de aula via uma árvore seca. Dançava e me convidava. Não podia, tinha uma aula importante, mas continuava a observá-la.

Às vezes, a voz do professor estava longe e precisava enfiar a ponta do lápis na palma da mão, para retornar à aula. O campus era perto da Baía, se fosse limpa mergulharia nas suas águas negras junto com a árvore-seca-dançarina. Comentei com uma colega, que se afastou de mim, disse a todos que sou “ despirocado das ideias”. Meus pais me forçaram a ir ao psicólogo. Fui, seu nome era Pâmela Quemily, dizia que viu vários gnomos e até fez piquenique com eles. Combinamos lanchar todos juntos no campus: Eu, a árvore-seca-dançarina, Pâmela Quemily e os gnomos.

Conversamos sobre tudo, apesar da timidez da minha amiga. Pâmela Quemily levantou a blusa e revelou que desejava colocar silicone. Todos nós concordamos que não precisavam, seus seios eram lindos. Mas, ela estava decidida. A árvore-seca-dançarina confessou que desejava seios enormes, a psicóloga e os gnomos disseram que ficaria linda. Concordei meio em duvidoso, uma árvore de seios ficaria estranho...

Um dia, Pâmela Quemily desapareceu. O maldito pai psiquiatra a internou. Ligou para meus pais para fazer o mesmo comigo. Fugi com a árvore-seca-dançarina e os gnomos.

Viramos mambembes e desbravaremos todos os recantos da América Latina.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

CONTO ANTIGO

romantismo Dia dos Namorados: Filmes Românticos para Assistir Juntos
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ACORDO COM UM GRITO ABAFADO...

Não sei onde estou? Mais uma noite de bebedeira e de orgias. O grito está mais forte. Vou para um quarto e abro o closet.

- Cara que bom que você me soltou. Vamo embora, antes que Antônio apareça. Ele disse que vai me matar e você, por vomitar no tapete da avó dele.

Não estou raciocinando direito, a mulher fica gritando. De repente, chega um homem com uma peixeira na mão e diz que vai nos matar. Pego um vaso para jogar em cima dele.

- Não, por favor, este vaso foi presente de minha tia Gertrudes Patrícia.

- Então, porra, deixa a gente sair.

- Vai levar esta vagabunda, ela vai te chifrar com um monte de homem.

- Eu nunca te traí com homem nenhum. Quero ser freira.

- Como?

- Sim. Não quero mais você e nenhum homem. Quero seguir minha vocação, servir a Deus.

- Se não deixar a gente sair, vou arrebentar este vazo.

O homem nos deixou ir. Pegamos um ônibus vazio, apenas umas três pessoas no transporte coletivo. Ela morava perto de casa. Um caminhão ultrapassa o sinal e joga o ônibus do Viaduto. Das cinco pessoas no veículo, só eu sobrevivi. Fiquei internado por alguns dias. Não recebi nenhuma visita. Todos da minha pequena família morreram. 

Deprimido, tentei viajar clandestinamente para os EUA. Juntei todo o dinheiro de economias de anos, da casinha do subúrbio dos meus pais mortos e desviei algum do meu antigo chefe. Paguei os coiotes para me atravessar o deserto e o rio. Mas, na correria, torci o pé e fui pego pela polícia.

Fui deportado. Arranjei alguns bicos. Aluguei um quarto. Numa noite, quando fui mijar, escutei um ruído na banheira velha, eram quatro ratazanas cruzando. Pequei uma faca grande, mas quando avancei, pularam entre as minhas pernas e gritei de susto. Tenho pavor de ratos, principalmente, ratazanas.

Será que um dia vou ser feliz? Puta que pariu, que frase clichê. Vago pela cidade. Encontro uma moça muito bonita. Para onde ela está indo? Sigo-a. Ela vai para um Sebo. Deve gostar de ler, comprou um monte de livros. Disfarcei e a segui. Duas horas depois, vejo que ela mora no Bairro dos Surdos das Colinas Verdejantes. Eu a amo, como vou me aproximar dela. Sinto que não posso deixar a oportunidade de ser feliz me escapar outra vez. Com um pouco de dinheiro, fiz um curso para aprender a linguagem dos sinais e assimilei o jeito dos surdos e mudos, que encontrava pela frente. Aluguei um quarto de pensão, em frente à casa da moça que estou apaixonado.

O plano é me fingir de surdo e mudo. Sei lá, talvez tenha mais confiança em mim. Quando falei com ela, me respondeu com sinais:

- Você não é como eu. Eu te conheço faz tempo. Sei que me segue e aprendeu a linguagem dos sinais por minha causa. Seu bobo, não precisava fingir. Meu nome é Jéssica Marina.

Meses depois, casamos e tivemos três filhos. Finalmente, consegui ficar em paz e ter um lar. Não sei se este final ficou bom, mas quero ter um bom clichê final feliz dos antigos filmes românticos americanos:


THE END

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012




QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Fui comprar pão na padaria. Quando caminhava, um grupo me cercou, dizendo que meus vídeos e textos eram péssimos. Saio correndo. Estão atrás de mim me xingando. Vejo uma anã fantasiada de Mulher-maravilha, peço-lhe ajuda. A baixinha pega uma arma e começa a atirar, soltando gargalhadas estranhas. Os valentões se transformam literalmente em gazelas aladas e purpurinadas, depois, voam para o céu. Agradeço e volto para casa com dor de cabeça. As pessoas estão muito loucas hoje em dia.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012



Atriz Ângela Vieira, que não tem nada a ver com atriz do meu conto.




- FAÇO QUALQUER COISA PARA TER O PAPEL. DAREI TUDO DE MIM.


- Qualquer coisa?


- Sim.


- Está bem, cheira meu pé.


- Como?


- Cheira meu pé e diga que tem o aroma de rosas.


- É isso que você quer eu faça?


- Também diga que meu pé é apaixonante e que não consegue deixar de cheirá-lo. Meus pés são fantásticos.


- Serei a sacerdotisa deles.


- Ok.


***
JORNAL FOLHA DA TARDE

Atriz corta pés de diretor e tenta fugir de policiais. Quando foi presa, disse que era a sacerdotisa que protege os pés sagrados. 




- Tudo muda.


- Como assim?


- O quê?


- Fale logo!


- O quê?


- O que quer dizer.


- Só falei por falar. Por que pra você, tudo tem que ter um motivo?


- Tá certo. Vou ver filme.


- Tudo muda.-. Pega algo da sacola. Tiros. Vai embora com o mesmo pensamento: “Tudo muda.”

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


 



APROPRIAÇÃO


- Que música é essa?


- É da minha mãe. Ela adora ouvi-la.

Crédito da imagem: http://www.viceland.com/blogs/pt/2011/07/20/passatempo-milhoes-de-campainhas/





-OI...


- Entra.


- Como está?


- Bem e você?


- Cansado e com fome.


- Toma um banho, preparo uma comida.


- Está satisfeito de me ver assim?


- Triste.


- Quero tomar banho mesmo. Obrigado.


- Vou ver o que tem para cozinhar.


- Não ficarei muito tempo...


- Fique o tempo necessário.


- Você e sua bondade...


- Não começa. Vai tomar banho. Acho que tem bife na geladeira.

CRÉDITO DA IMAGEM: http://www.corposaun.com/celulas-sangue-menstrual-celulas-tronco/17349/


INTERPRETAÇÕEs


Filho: Sonhei que um vampiro te sugava e quando fui empurrá-lo, era eu.


Mãe: Será que sua anemia aumentou. Marcarei médico.


Avó: Calma, filha, você tinha o mesmo sonho comigo. Os filhos sempre sugam algo dos pais, faz parte da natureza.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

imagem encontrada no google


Fúria

A madrugada adentra e a ira me envenena. Mas, ao escrever fico mais calmo. Meus olhos estão voltando ao normal e os dentes diminuem. As unhas não são mais garras. O turbilhão de sentimentos dá lugar aos pensamentos. Escrever me salva. Abro a janela, não tem mais perigo. Pronto, tudo está bem. Agora, apertarei o delete. Pronto! Página em branco, como se nada tivesse acontecido.



Imagem retirada na internet




- Mamãe, tá saindo um monte de gente da cabeça do papai, de novo.


- Seu pai e os personagens dele...



Imagem retirada na internet

PREFÁCIO

Mais um conto antigo, cuidado para não espirrarem. Esse é do fundo do baú.

***

SEGUNDA OPÇÃO NUNCA MAIS!!!!!

“ Meu Deus, por que eles fizeram isso comigo? Eu os adoro tanto, até mais que a minha própria vida e família. Desgraçados, vou matá-los. Mas e a minha monografia, tenho que terminá-la logo, para me preparar melhor no mestrado do período que vem. Filhos da puta.”

Ronaldo estava na kombi. Pegava esse mesmo transporte para ir ao estágio e à faculdade, que eram muito longe de onde morava. Vivia o dia inteiro fora de casa.

Trabalhava com o professor e orientador de sua monografia. Foi segunda opção. Um outro aluno não aceitou a proposta de estágio, por ter arranjado coisa melhor. Ronaldo era esforçado, fazia de tudo para agradar o professor, mas este nunca o elogiava. Só dizia que seus trabalhos eram fracos e que tinha que melhorar bastante. Sempre mandava Ronaldo refazer tudo de novo.

Ana, a namorada, no início era apaixonada por outro rapaz, só que ele já tinha uma outra. Ronaldo, que sempre gostou dela, consolou-a. Logo, foi à segunda alternativa outra vez. Ele não se importava com esta situação, queria ser feliz. Desde criança vivia a mesma coisa. Era sempre o reserva nas partidas de futebol na rua, onde morava, e até o cachorro, que ganhou de presente de aniversário, primeiro fazia festinha em qualquer um que chagasse com Ronaldo, depois era que brincava com o seu dono.

Um dia, Ronaldo ficou desesperado porque o seu computador havia quebrado. Pediu para usar o de Ana. Ela relutou um pouco, mas vendo o desespero do namorado resolveu deixar, deixando-o sozinho, tinha compromisso. Ronaldo digitava o trabalho, bem concentrado, quando o telefone do quarto de Ana tocou. Estava tão absorto que não prestou atenção. Após alguns toques, a secretária eletrônica atendeu. Uma voz conhecida começou a falar. Essa voz é do meu professor, pensou Ronaldo.

 - Ana, você esta aí? Vamos nos encontrar de novo?

 “Não acredito!! Meu professor orientador e minha namorada tendo um caso!! Vou matá-los!”. Não quis saber mais de nenhum de trabalho, quis vingança. As pessoas que ele mais admirava estavam de sacanagem com ele: “Ela é uma ratinha no cio. Ele é um idiota que só vive do passado. Para ele, a década de 70 ainda não passou. Se acha o máximo só porque lutou contra a ditadura, fez orgias sexuais e foi para Cuba, exilado. Mas, isso não quer dizer que seja melhor do que eu, nem a sua geração melhor que a minha!!”.

Traído e revoltado teve um plano, iria matá-los.  Passado algumas semanas, seguiu a namorada até o apartamento do professor, gastou tudo que tinha, pediu um empréstimo aos seus pais, que deram muito a contra gosto e roubou a metade do salário da empregada. Tudo isso para subornar o porteiro e entrar no apartamento escondido.

Conseguiu entrar. Foi direto ao armário do quarto esconder-se. Ronaldo ficou admirado com a performance do professor. “Como ele faz tudo isso? Quero aprender também, que disposição, é mais velho do que eu e tem muita energia!! Ele é inteligente, intelectual e bom de cama, desgraçado!! Tanta perfeição me enoja. Com esta faca que estou segurando, vou acabar com toda essa personificação da perfeição!!”.

Depois do casal fazer quase todas as posições do Kamasutra, Ronaldo, que tudo assistia, se preparava, com a faca na mão, para vingar-se desses “traidores nojentos”. Contudo, o casal de amantes começou a conversar, alguns assuntos triviais, até começarem a falar de Ronaldo. Ele ficou inibido em atacá-los.

- Ronaldo é um cara legal. Gosto dele, apesar de ser um pouco limitado – disse a Ana.

- Está até melhorando na escrita. Mas ainda está muito ruim.

- Eu falo para ele ler mais. Até tenta, mas lê um minuto e já dorme esgotado. Só consegue ler um livro por ano. Eu disse que deveria ler pelo menos seis livros por ano.

- Você não está sendo muito exigente?

- Eu sou assim, não gosto de mediocridade.

- Ele vai conseguir melhorar, para ser uma pessoa tão culta quanto a gente.

- Tomara que sim, outro dia peguei um filme do Bergman e ele simplesmente dormiu, e até babou, molhando todo o meu ombro.

- Puxa, Bergman é divino!

- Mas, ele gosta de filmes do Spilberg e possui uma coleção dos livros do Sidney Sheldon. Fazer o quê, né...

- Não acredito! Precisamos queimar esta coleção para salvar a intelectualidade que está nascendo naquela pobre cabecinha!

- Vamos fazer isso!

Ronaldo ficou apavorado; “Não! Minha coleção de Sidney Sheldon, nem pensar!”. Saiu do armário e disse:

- Sei que vocês gostam de mim. Querem me salvar da alienação e do mau gosto. Posso até permitir que vocês controlem a minha vida, mas não vou deixar que vocês destruam a minha coleção do Sidney Sheldon, herança da minha falecida avó Marinalda.– foi embora.
Ana e o professor ficaram chateados. Não conseguiram iluminar a mente de Ronaldo.

Pela primeira vez quis encontrar o seu caminho, sem interferência de ninguém. Não sabia o que ia fazer, porém desejava ser ele mesmo e não o que os outros diziam para ser. Chegou a sua casa, subiu na laje e gritou bem alto: - SEGUNDA OPÇÃO NUNCA MAIS!!!.

Os vizinhos olharam assustados, achando que Ronaldo ficara louco. Dona Creuza, uma senhora bem idosa disse para uma colega sua: – Minha filha, esses jovens universitários é tudo maconheiro. Deve ser que o filho da Maria Augusta fumou tanto, que agora tá louquinho da silva.

E assim o dia terminou e uma nova fofoca para se comentar na rua chamada Sossego.


Em tempos de carnavais...


fantasia-se de zumbi e ataca as pessoas bêbadas e desacordadas para comer os miolos.




Crédito da imagem: http://joseeduardomattos.com.br/feminino%20e%20masculino.html


No carnaval:




- Torno-me ela.


- Torno-me ele.


O casal na quarta-feira de cinzas: "SOMOS UM."



domingo, 19 de fevereiro de 2012


Crédito da image: http://seboeacervo.blogspot.com/2011/02/maquiagem-de-filmes-de-terror.html#axzz1ms3xTtv1


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No bloco, fui conversar com uma pessoa maquiada de monstro. Ela me revelou: " É meu rosto verdadeiro, por isso só saio no carnaval."

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Uma senhora na cama diz: "Vem, queridinho da vovó.". Memória embaralhada e me vejo esganando-a. Fujo do quarto e me junto ao bloco da rua.

OLÁ, MAMÃE QUERIDA.


Sára Saudková




PREFÁCIO
Mais um conto antigo e deletado que me deu vontade de reescrever.

****


- OLÁ, MAMÃE QUERIDA.



- Oi, o que quer?

- Nossa, que manifestação calorosa...

- Desculpa, é que vou para um chá beneficente. Precisa de dinheiro?

- Não... É que estava com uma ideia para fazer um novo filme e preciso de você. Pode me ouvir?

- Sim. Temos uma hora, querido.

- O roteiro que estou escrevendo, narra a história de uma senhora déspota que obriga os empregados a fazer sexo com ela. Tem uma cena em que a senhora mija no rosto do jovem jardineiro e para  que a cena fique mais impactante, o mijo tem que ser de verdade.

- Que horror, mas o que tenho haver com isso?

- Pensei que poderia ser você.

- Não sou atriz e ,se fosse, jamais faria um papel desses.

- Mãe, não seja retrógada. Eu contrataria uma professora de interpretação para você. Também, você sendo a senhora déspota, o filme teria mais  repercussão.

- Filho, desculpa. Gasto meu patrimônio para você fazer seus filmes fracassados, mas não me peça para mijar em ninguém de verdade. O que as minhas amigas irão dizer...

- Pensa com carinho, talvez você descubra outros eus fazendo este filme. Ah! Não é só o mijo que é de verdade, mas as cenas de sexo.

-Como? Está louco! As drogas queimaram sua mente.

- Para de fazer drama. Nunca entendeu minha alma de artista.

- Querido, preciso sair, pegue este dinheiro. Tchau.

- Estava mesmo precisando... Mas, estou muito chateado com você, está restringindo minha criatividade artística.

- Fala com seu analista, querido. Mais uma culpa que carregarei nas costas.

sábado, 18 de fevereiro de 2012



Sou leão que caça a presa e a presa que foge dele. Gota d’água que cai da folha e se desmancha no chão. Também, a fruta podre na calçada quente. O bebê que chora com fome, a mãe que oferece seu seio para saciá-lo. O guerreiro que defende seu povo contra os inimigos, o feiticeiro que faz longos rituais para a chuva molhar a terra ressequida. O vinho compartilhado numa reunião em família, as lágrimas que percorrem a pele. Decomponho-me em vários e nos labirintos de formas, percebo que tudo é uma coisa só, mas que varia de acordo com o olhar de cada um.







quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

CONTO ANTIGO

Prefácio
Mais um conto antigo que tentei escrever de novo. O engraçado que na época que o escrevi, estava numa fase de me sentir o máximo: Um aspirante a escritor com ideias muito originais. Principalmente, por ter feito duas oficinas literárias, já estava me sentindo pronto para enviar originais às editoras.

Enfim, mais um mico para minha coleção.

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TEMPESTADE

Almeja estar só. “Envelheci!”. O celular toca. É o Fernando. Desliga. " Babaca, nunca assume nada". O celular toca. É a sua mãe. " Preciso visitá-la”. Desliga. O celular toca. É o chefe. " Já disse que vou apresentar o projeto na semana que vem!". Desliga. Vai à piscina. Quando está cansada e chateada, gosta de nadar. Ana sente uma presença. Tem um leve tremor no corpo. Quer sair da água. Vai até a escada da piscina e olha para trás. Vê uma parte da água se desprender do todo, moldando-se num corpo masculino e vai ao seu encontro. Ana está paralisada, não consegue se mover. Ele começa a tocá-la. O medo que sente antes se dilui. Lembra-se de quando era mais jovem gostava de ficar horas sentada no bidê, sentindo a água do chuveirinho invadir seu sexo. Neste momento, era uma ducha vigorosa penetrando-a. Olha para o céu e para de pensar.

Acorda com os pássaros. Percebe que a cama e os cabelos estão encharcados. Confusa, não se lembra de como parou no quarto. As únicas certezas que tem: reatar com Fernando, visitar sua mãe e terminar logo o projeto. 

Olha pela janela os estragos da tempestade da noite anterior.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012





MINHA QUERIDA AMIGA BRUXA...

Obrigado por me lançar a maldição de ficar distorcido. Estou experimentado sensações inimagináveis. Este desarranjo me leva ao prazer total. Realmente você, na realidade, é minha fada madrinha.





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Madrugada. Não consigo dormir, os sonhos do meu irmão ao lado cavalgam e o quarto estremece.





segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ESBOÇO DE ROTEIRO REPROVADO


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PREFÁCIO

Às vezes( Mentira, em diversas ocasiões) acho-me muito criativo e que se eu divulgar meus contos e textos, todos me chamarão de escritor brilhante. Viajo na maionese legal. Enfim, mais um esboço recusado e o republicarei pela milésima vez no meu espaço virtual, onde sou o editor supremo.




A REVELAÇÃO DE TABATA CRISTINA


– Filho...preciso lhe revelar uma coisa. Não sou sua mãe.

– Você não é minha mãe, então quem é minha mãe verdadeira?

– Querido... sou seu pai!

– Como?

–Fiz operação pra trocar de sexo, quando você era bebê.

–Então, vivi todos esses anos numa mentira?!

– Por favor... me deixa explicar... Eu era um rapaz muito violento. Um dia, encontrei sua mãe, uma moça do campo, que amava correr pelas colinas verdejantes. Como estava sofrendo um conflito psicológico terrível, eu a violentei perto do rio. Sua mãe se chamava simplesmente Jamilly Gertrudes. Era muito bondosa e me perdoou. Ficamos amigas e, meses depois, me disse que estava grávida e que eu era o pai.

– Mas, eu tinha uma ligeira desconfiança de que você era lésbica. E sua amiga Martão?
– O Martão vai fazer operação para colocar prótese. Só falta isso para ele ser um homem completo. É o amor da minha vida.

– Preciso assimilar o que acabou de me revelar. Desejo saber onde minha outra mãe está enterrada, quero visitá-la e organizar um sarau de leitura gótica no seu túmulo.

– Meu bem, você teve duas mães que te amaram muito. E tem Martão, adoram sair juntos e olhar as gatinhas que eu sei. A sua mãe adoraria ler os seus escritos sombrios e aterrorizantes. Desculpa, eu não gosto muito deles porque tenho pesadelos, depois. Ainda bem que Martão tem braços fortes para me proteger.

– Mesmo que tudo que acreditei tenha sido mentira, eu te amo mamãe e te perdoo por ter me escondido a verdade por vários anos.

– Garoto lindo, é parecido com sua mãe.

Abraçaram-se. Uma luz surgiu pela janela e Jamilly Gertrudes apareceu com um longo vestido branco. Emocionou-se com a cena, depois, dissipou-se com o vento balançando as cortinas.