quarta-feira, 15 de junho de 2016

CARLOS

Imagem encontrada no google



"Nada é mais fácil do que se iludir, pois todo o homem acredita que aquilo que deseja seja também verdadeiro." Demóstenes

Andava como um caçador. Queria capturar uma sensação ou ser arrebatado por algum sentimento. Ao virar uma esquina, esbarrou em um rapaz e recordou um antigo amor. Foi uma relação forte, mas, uma doença violenta os separou em duas semanas.
O jovem percebeu que um senhor elegante o perseguia. Então resolveu conversar. Com o tempo, saiam juntos para todos os cantos e a harmonia entre eles se consolidava dia a dia.

A única situação que incomodava Carlos era o rapaz ter um ritual antes da relação sexual: Primeiro ia ao banheiro, ficava alguns minutos e desligava todas as luzes do aposento. Ele não entendia como aquele ser tão livre, podia ser metódico na hora da intimidade. Às vezes o jovem vedava-lhe os olhos. Entretanto, Carlos não podia tomar a iniciativa e deixava-se guiar cegamente.

Mesmo cismado, o senhor continuava a relação sem questionamentos. Tinha medo de ficar sozinho novamente. Meses se passaram, o jovem começou a enjoar bastante e a ficar com o ventre intumescido.

Carlos se preocupou, lembranças passadas arranhavam seus pensamentos. Em uma noite, o jovem passou muito mal e teve que ser hospitalizado. Ficou horas esperando o médico trazer notícias; a madrugada parecia infinita.


O doutor chegou e disse que conseguiu salvar o bebê, mas a mulher faleceu. Ficou surpreso. Como poderia ser enganado desta forma ou ter se deixado levar. 

Ao ver o bebê, sua alma solitária chorou de alegria e medo do inesperado.

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