quinta-feira, 10 de maio de 2012


Quadro de René Magritte




PARA: amigoimaginario@ggmail.com 

Assunto: Querido amigo... 


 Por onde anda? Há mais de vinte anos que a gente não se vê. Envio e-mail para você e todos retornam. Tenho saudade das longas conversar que tínhamos. Era o único que entendia minhas ideias... 

 Continuo vagando por ai, uma vez um menino da rua me chamou de zumbi. Achei graça. Ninguém entendia nossa relação. Sinto-me incompleto, apesar de anos de terapia. Quero você, meu amigo. Estou cansado de tudo. Olho as pessoas andando pela rua à espera de encontrá-lo. Sempre estou no meu canto, não consigo encontrar nada de interessante nas outras pessoas. Brincávamos de tudo se lembre? Eu conhecia cada centímetro do meu corpo e você também, o meu. 

Por onde anda? Mudarei a senha do meu e-mail, tenho a certeza que estão vasculhando minhas coisas. Outro dia, vi minha mulher no computador. Perguntei o que estava fazendo e ela me respondeu que tinha certas desconfianças ao meu respeito. Está doida, mas ela começou a ficar assim, quando começou a ter um caso com meu terapeuta. Ele tem uma fixação de me tornar normal. 


 Estou rodeado por loucos, você era o único são e que me salvava da loucura. Quero sentir seu abraço novamente. A gente nem precisava se falar. Conversávamos em silêncio. Já está tarde. Preciso dormir, senão passarei mal de sonho no trabalho.

Um comentário:

Angela disse...

embora um e outro pequeno engano, gostei muito deste texto. a coisa melhor do mundo é sentir-se aceito e compreendido, não é?