Fernando Botero
Era assim que o marido a chamava e
dizia para os vizinhos que ela era horrenda de gorda. Helena aturava porque já
estava acostumada desde a infância a todos zombarem dela por causa de seu peso.
Um dia, ele a abandonou e Helena ficou
surpreendida de não ficar triste. Decidiu que cuidaria sozinha dos filhos e uma
força surgiu dentro dela. Olhou-se no espelho e, pela primeira vez, e disse que
era bela. Começou a caminhar, a diminuir a quantidade de comida e a procurar um
emprego.
À medida que aprendia a se amar, os
homens começaram a enxerga-la. Mas, ela não nem ligava por estar ainda
encantada consigo mesma. Era vaidosa não pelos outros e sim por ela mesma. Ao
emagrecer descobria curvas em seu corpo nunca antes vistos, inclusive, quando
começou a comprar blusas estampadas. Todavia, almejava ser natural e não ter um
corpo esculpido de academia. Ser abundante pertencia a sua individualidade.
Na alta madrugada, acostumava -se a
passar cremes pelo corpo, exibia-se para o espelho e se divertia como se fosse
menina. Estava no casulo, preparando-se para um novo começo.
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