segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Madrugada de Verão( Ideia antiga e revisada)


imagem encontrada no google

“A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado.”

    Não consegue dormir. Olha pela janela o céu escuro e repleto de estrelas. Percebe que uma coruja o observa. O olhar do bicho gela seu coração. Lembra-se de Marisa com rosto pálido, deitada numa maca; o médico com cara de raiva olhando para ele e a moça. Tem a impressão que a coruja manifesta a mesma fisionomia carrasca. Não deseja recordar. Marisa gostava de ficar por cima quando faziam amor, via-a soberana. Outra vez, a maca aparecia e o mesmo rosto feminino pálido. A cada segundo, a coruja se torna gigante. Fecha todas as janelas da casa. Fica só de cueca, mesmo assim estava encharcado de suor. Escuta o barulho de asa nas vidraças. Não aguenta o calor, toma banho. Água insuportavelmente quente. Escuta um barulho, vê a coruja no basculante. Sai do banheiro e deita na cama molhado. O sono vem. Adormece com o vento quente do ventilador secando-o.
Amanhece. F. vai à janela e a abre, céu está azul e infernal. Coloca uma sunga e caminha até a praia.  Quando retorna, pega a maça mais bonita na geladeira. Morde e cospe em seguida, está podre.  De repente, sente a presença da coruja.


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