Imagem encontrada no google
A primeira coisa que vejo é um velho de
sessenta e seis anos, o espelho fica em frente à cama. Apronto-me e vou tomar
café no boteco perto de casa. Degustando meu pão requentado, uma colegial veio
até mim: “ Vem girafa, estamos atrasados”. Fico atônito, ninguém me chama assim
há bastante tempo. ” Minha filha, quem é você?”. “ Girafa, para de palhaçada,
precisamos ir”. Pega a minha mão e me deixo levar. Entramos no colégio que
freqüentei quando era jovem, há cinquenta anos.
Sentado na carteira, a professora Cândida veio a mim: “ Fez o dever de
matemática?”. “ Senhora, não sei que pegadinha é esta. Estou com o meu coração
pela boca. Sou um senhor de sessenta e seis anos...”. “ Para de encenação. Como
sempre cheio de gracinhas, mandarei um bilhete aos seus pais.”. Na sala, todos
me encaram com normalidade, me sinto mal cercado de rapazes no auge do
condicionamento físico. Eu era como eles. Vejo uma bolinha de papel cair na
carteira: “ Girafa, hoje não tem ninguém em casa”. Reconheço estas palavras,
mesmo que o tempo as torne embaçadas na memória. Olho no relógio, preciso sair
desta insanidade. O sinal toca e todos se levantam para ir embora. A colegial
segura no meu braço e me carrega ao seu apartamento. Será que ela me vê
realmente com as minhas pelancas ou me enxerga na versão de cinquenta anos
atrás? Passamos a tarde inteira fazendo amor e quando vou embora, ela está
adormecida. Retorno para casa e quando me preparo para deitar, vejo um rapaz de
dezesseis anos tornando-se um velho novamente.
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