Imagem encontrada no google
Ana sempre ficava à margem na relação entre o marido e a filha. Viviam conversando baixo, enquanto ela atravessava todos os cantos da casa silenciosa. Um dia, eles foram embora sem lhe escrever um bilhete.
Anos depois, a filha apareceu grávida. Pediu para ficar. Ana aceitou, mesmo com mágoa e pensamentos sombrios.
Elas não conversavam, eram duas estrangeiras. Quando o bebê nasceu, Ana tomou o recém-nascido para ela. A filha nem ligou, estava entretida com outros problemas de trabalho e da faculdade.
Certa manhã, o menino já estava crescido, deixou um bilhete para Ana: “ Vou embora, mas darei pensão ao menino.”. Ele choramingou um pouco, mas Ana se transformou em sua mãe por completo.
Certa manhã, o menino já estava crescido, deixou um bilhete para Ana: “ Vou embora, mas darei pensão ao menino.”. Ele choramingou um pouco, mas Ana se transformou em sua mãe por completo.
Uma vez ao ler uma revista viu o esposo. Dava uma entrevista sobre uma descoberta arqueológica. “ Sempre besta na foto, principalmente, em cima dessa pirâmide.”
A filha era arqueóloga também, sempre recebia cartas dela com cartões postais de todos os lugares do mundo. Colocava-os no fundo do armário, onde caíam no esquecimento.
Em um dia desses, o neto disse para ela que um homem o tinha procurado, dizendo que era seu pai. Conhecera sua mãe na faculdade. Sentiu-se leve com a ideia do pai do neto procurá-lo. Não ficaria sozinho se algo lhe acontecesse. Inclusive, os pensamentos sombrios talvez fossem só fruto de sua imaginação ou amargura.
Entretanto, mesmo brevemente esquecidos, sempre apareciam nas noites mal dormidas.
Um comentário:
Muito bom Dudu,
vc consegue inocular a suspeita no leitor. Bem engendrado!
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