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Verifico as portas, elas precisam estar fechadas para ninguém
entrar, mas, os ruídos de fora perpassam nas frestas das janelas. Tenho a
sensação de que a casa está sendo invadida. Aos poucos, eles dominam tudo. Será
que nunca ficarei seguro? Na verdade, os outros estão já há muito tempo dentro
do meu lar? Ouço pingos d'água no tanque, cacete! A conta de água ficará nas
alturas... Tenho receio de abrir a porta, porém, a cachorra não está latindo.
Logo, não há problema por enquanto. A cada dia que passa, percebo que eles
estão ganhando terreno e a invasão é questão de tempo. Lembro-me de um conto
que li há muito tempo: Casa tomada de Júlio Cortázar. Sinto a angústia dos
personagens, acho que estou na mesma situação, quando ouço música alta, motos
barulhentas, buzinas e pessoas falando alto pela rua. Preciso verificar bem se
está tudo fechado. Pelo menos, agora, o silêncio ecoa e preciso aproveitar este
intervalo de paz.
***
Quando foi dormir, seu quarto se fez uma rua movimentada.