terça-feira, 25 de dezembro de 2012

25 de dezembro



Imagem encontrada no google

Um homem caminha na noite quente de verão. Está sozinho. 

Um senhor o chama para entrar em um casarão de esquina.

- Como vai?

- Indo.

- Anda por aí sozinho... Não tem medo de ser assaltado.

- Assaltam um morto?

- Hoje em dia são capazes de tudo. Acredito que nem sabem diferenciar os mortos dos vivos.

- E você está vivo ou morto? 

- Não sei ao certo, há momentos que me sinto vivo e outros, morto. Venha comer, a mesa está posta.

***

- Coisas deliciosas. Os sabores me lembram de quando era alguém.

- Comigo acontece o mesmo. Antigamente, esta casa vivia cheia de gente.

- Quem é você? O que quer de mim?

- Sou o que sinto e não quero nada de você, só sua companhia.

- É tão difícil acreditar, pois sempre alguém quis algo de mim.

- Mas, não quero nada. Coma... Veja tevê....

- Quero tomar um banho.

- Sim. Dou-lhe roupa limpa.

- Não precisa.

- Não tenha medo de aceitar. 

***
A água fresca percorre seu corpo suado e empoeirado. Não pensou mais, entrou no terreno dos sentidos. Se tivesse que pagar um preço caro por esse intervalo, não iria reclamar.

***
- Quer dormir?
- Como?
- Tem um quarto sobrando.
- Não sei.
- Não tenha medo.
- Está bem.

***
O sol invadiu seus olhos. Encontrou ao seu lado, uma mochila de roupas e um dinheiro no bolso da frente.

Foi embora atônito, pois não sabia o que fazer. Nunca experimentou tanta generosidade. Sentiu-se num conto surreal.












Um comentário:

Angela disse...

Que lindo Dudu! Um dos mais belos contos de Natal que já li.

Aproveito para deixar logo aqui mesmo os meus votos de fewliz aniversário.
Que você tenha um ano tão bom quanto este do moço de seu conto.
com carinho,
Angela