O problema do silêncio é quando os
outros que habitam na gente começam a se manifestar. É verdade! As lembranças
jorram em mim e os outros residem nestas recordações. Percebo-me menino que
brincava com amigos imaginários, o rapaz que ia ao cinema sonhando em ser
cineasta, o homem que faz a mesma coisa todos os dias, um lado oculto meu que
desconheço e nem quero conhecer. Mas, ir a um lugar tranquilo dá um efeito
contrário, não é mesmo? Não era para me sentir assim, deveria estar tranquilo. Planejei
tanto passar o ano novo bem. Porém, estou em desassossego!
Saudade, remorso, culpa, ódio, inveja entre outros sentimentos surgem também.
Por quê? Começo a xingar, a rir e a debater com os outros que moram em mim.
Ainda bem que estou sozinho, pois, posso ficar como um louco varrido, exorcizando-me.
Desejo me esvaziar ao novo ano que chega, tornar-me um. Os outros precisam
ir embora, mas sempre retornam. Tenho esperança que este ano seja diferente. Já
é de manhã. Tomarei um banho de cachoeira e quem sabe me transformarei em um
bebê! Fui!
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