Olhava
absorto o encontro da lua com Vênus, sentia-se bem. De repente, ouviu um
barulho na mata e retornou para casa. Gritos ecoavam através das folhagens,
reavivando lembranças antigas. Quando era menino foi perseguido pelos outros garotos,
os valentões da cidade. Chutaram a porta, desesperado pegou a faca. A porta foi
arrombada e um homem encapuzado invadiu a casa. O medo se tornou ira. As imagens
do passado se sobrepuseram ao invasor. Esfaqueou o intruso e os outros fugiram
para mata. Ao subir o capuz reconheceu o rosto, apesar de o tempo modificá-lo.
Era Luiz e a última imagem que o intruso viu foi o encontro da lua com Vênus.
Horas
antes:
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Luiz, voltou quando?
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Ontem, Sandro. Vim de férias.
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O “Doutor” retornou à pequena cidade, então.
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Para de palhaçada, Sandro. E aí? Continua no ramo da agropecuária?
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Sim... Lembra-se de como a gente se divertia? Éramos tão destemidos.
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E quando a gente sacaneava o Lúcio, Sandro?
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Sempre fomos terríveis, como sinto falta daquele tempo. Queria reviver um pouco
o passado, Luiz.
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Seria interessante. Eu era tão cheio de vida que chegava a ser cruel. Agora,
estou um bunda mole.
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Lúcio ainda mora na casa perto da mata. Sempre vive só, vamos visitá-lo?
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Coitado, Sandro...
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Vamos reviver nosso passado glorioso, Luiz.
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Está bem. Estou precisando de ação para me sentir vivo outra vez.
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Combinaremos com a turma na praça às vinte e três horas.
Um comentário:
achei muito bom!
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