Imagem encontrada no google
Corriam pela floresta. Aproveitaram que a mãe estava
entretida costurando. Lúcia sempre foi mais esperta que Erasmo. Gostava do
perigo, o seu corpo vibrava de prazer.
Quando fugiam, obrigava o irmão pegar uma machadinha. Caminhavam
atentamente. O medo de Erasmo e a excitação de Lucia fundiam-se e transformavam
o ambiente sufocante e sombrio.
Escondida via o irmão no chão e seu rosto pisado pela
grotesca galocha do pai. O homem surrava Erasmo por horas. Apesar de dissimular
deboche, por dentro, a menina chorava.
Na floresta
escutavam sussurros e vultos, mas nunca conseguiam ver nada. Um dia, viram um
monstro perseguí-los ferozmente. A escuridão produzida pelas imponentes e
antigas árvores fez os olhos da besta reluzir.Lucia grita: – Mata ele!!! Mata ele!!! Mata ele!!!
Desesperado, Erasmo
avançou contra a besta com a machadinha, uma força descomunal se apossou dele,
quando viu de repente a imagem do pai. O sangue esparramou por seu rosto e
roupa, descontrolado, dilacerou o corpo inerte do monstro. A irmã: – Chega, ele
já morreu. Vamos para casa.
Entraram em casa
escondidos da mãe, que estava entretida com seus afazeres. Nem percebeu que os
filhos estavam presentes. Lúcia deu banho no irmão: – Foi um bom irmão mais
velho.
Hora do almoço, a
mãe ficou surpreendida:
– Vocês estão aqui. O pai de vocês foi procurá-los bastante brabo.
Não gosta que vão à floresta, é um lugar muito perigoso.
Erasmo teve um leve
tremor, olhou para Lúcia que comia tranqüilamente. O pai nunca mais voltou para
casa. Os vizinhos fizeram uma busca na floresta sem resultado. Surgiram boatos
que talvez tivesse fugido com uma jovem camponesa e que talvez fosse devorado
por lobos. A mãe ora chorava ora o amaldiçoava por tê-la abandonado.
O menino tentava
conversar com Lúcia, que desconversava:
– Vamos jogar
pedrinhas no rio. O dia está tão bonito.
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