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Gustavo
olha pela janela o estranho em frente a sua casa e vai atendê-lo:
-
Bom dia, o que deseja?
-
Gustavo?
-
Sim...
-
Não se lembra de mim, sou João Paulo. Estudei com você no ginásio.
-
Estou me lembrando de vagamente, o que posso lhe ajudar? Entra.
João
Paulo estava nervoso:
-
Lembra-se que eu implicava muito com você?
-
Bem... Coisas de criança. Nem me lembro mais.
-
Como? Eu te batia e xingava todos os dias! Estou aqui, para pedir perdão.
-
Perdoar? Faz tantos anos.
-
Por favor, me perdoe e me livre da maldição que você rogou para mim.
-
Cara, você está doido! Não joguei nenhuma maldição para você. Não estou
gostando do rumo dessa conversa.
-
Não se lembra mesmo? Por favor, precisa
recordar para me salvar.
Gustavo
começou a puxar pela memória e foi às lembranças antigas diluídas pelo tempo. Então,
veio o fragmento. No chão, sujo de terra
e sangue, Gustavo disse para João Paulo: - Nunca será feliz. Vai perder tudo
que ama e vagará com um morto vivo pelas ruas.
-
João Paulo, lembro-me. Estava com tanta raiva de você naquele momento. Mas,
nunca quis seu mal.
-
Tudo bem, mas me perdoa?!
-
Claro, sem ressentimentos.
-
Me sinto leve. Preciso ir, tchau!
-
Tchau!
Quando
João Paulo foi embora, Gustavo se sentiu leve. Em todos esses anos, tinha a
impressão de carregar um peso muito grande que não o deixava ser feliz.
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