A casa do filme Psicose, de Alfred Hitchcock
- Conta-me, Gustavo, o que aconteceu naquela noite, há vinte anos?
- Estou na sala com minha babá e vejo um filme de um cara
estranho, que mora num casarão. De repente, uma mulher no chuveiro é
esfaqueada...
- Você sabe que esse
filme é Psicose? Inclusive, tinha um personagem que nutria um forte respeito e
temor por sua mãe... Mas o que aconteceu de verdade?
- Estava fixado no filme e senti algo escorrer em mim, era o
sangue da babá que me havia pegado no colo, doutor.
- Você viu quem a matou?
- Levei anos para
decifrar o rosto.
- Quem era?
- Meu irmão mais velho.
- Seu irmão, Gustavo,
que se suicidou em Genebra?
- Sim. Ele morreu vestido de babá.
- Então, você viu o rosto de seu irmão e...
- Mas, ele estava diferente. Usava a roupa da babá.
- Seu irmão matou a babá, Gustavo?
- Agora que as coisas estão fazendo sentido, acho que sim.
Ele gostava muito de mim e pedia para eu o chamasse de babá, doutor. Meus pais
o obrigaram a estudar fora do país e ele chorava, dizendo que não queria se
afastar de mim.
-Nós progredimos bem hoje. A Sessão terminou, até sexta.
***
O terapeuta Lauro César ficou impressionado com a história,
mesmo anos de psicanálise e histórias tão quanto terríveis, algo o atraía para
esse caso de Gustavo. De repente, sentiu ser dominado por alguma coisa e saiu
do consultório sem rumo. Quando deu por si, estava com um uniforme de babá e um
sentimento de proteção em relação ao seu paciente Gustavo.
Um comentário:
amei esta história! muito boa e até engraçada.Hitchcock gostaria!
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