Às vezes fico pensando num conto, principalmente quando sai muito ruim. Este conto As estrelas Brilham Intensamente, na primeira versão, ficou muito fraco. Quase o deletei, porém não o fiz com a esperança de melhorá-lo. Hoje, fiz uma nova versão, menos melodramática. Talvez, saiu outra merda. Todavia, a tentativa de escrever outra vez é uma forma de aprendizagem. Continuarei tentando...
"A fantasia não é exatamente uma fuga da realidade. É um modo de a entender." (Lloyd Alexander) Ps: Não sei se autoria desta citação procede, mas concordo com ela e ponto final.
ANDRÔMEDA
Desde menino já me
percebia diferente. Os outros garotos implicavam comigo, alguns homens me
olhavam esquisito. Além de eu não gostar disso, meus pais começaram a achar a
minha beleza uma maldição. Deixavam-me careca, compravam roupas sóbrias e me
colocaram nas aulas de futebol. Não adiantou, à medida que crescia, aumentava o
fascínio ou repulsa que as pessoas tinham por mim.
Nesta época, começou a
passar na televisão um desenho sobre guerreiros que protegiam uma Deusa contra
as forças do mal. Havia um personagem com o qual me identifiquei; sua constelação
era Andrômeda, que antes havia sido uma princesa mitológica, acorrentada a um
rochedo para ser devorada por uma besta que vivia no fundo do mar. A
personalidade do guerreiro se assemelhava com o mito da formação de sua
constelação protetora, era bondoso e estava sempre disposto a se sacrificar
para salvar o mundo. Ele usava correntes que reproduziam a nebulosidade da
constelação de Andrômeda e as utilizava só para se defender e lutar contra os
vilões. A armadura que vestia era rosada e o molde lembrava um corpo feminino.
Já, os outros meninos da minha idade queriam ser os guerreiros com mais força
de combate.
As pessoas me cobravam
um posicionamento do que eu era. Não entedia a razão da cobrança. A pergunta
frequente era se gostava de homem ou de mulher? Eu não sabia responder, nunca
pensei nestes assuntos. Estava às voltas com minha imaginação, escrevendo e
desenhando reinos de criaturas fantásticas. Eu chorava com cada criação de uma
personagem e me apaixonava por elas, não por suas formas físicas, mas a
essência. Uma vez, me disseram que eu era uma aparição. Talvez, estivessem
corretos.
Outro dia, meus pais me
contaram que na noite que me fizeram estava muito estranha. Quando transavam,
ele se sentia ela e ela se sentia ele. Nunca sentiram um prazer tão intenso.
Minha mãe deixou escapar que deve ser coisa do demo. Eu disse que não, posso
ser uma quimera.
Com o passar do tempo,
fui me tornado alheio a tudo e a todos. Passava horas, visitando os meus reinos
de princesas, unicórnios, guerreiros, sereias e gigantes. De vez em quando,
sentia que mãos alisavam minha pele e comentavam que estava cada vez mais
sensível como uma pétala. Eu nem ligava continuava na minha travessia.
Um dia, de repente, me
vi preso numa caixa escura. Senti uma pontada de medo. Aí, abriu-se na
escuridão uma fenda para o universo. Emocionado, vi que era a nebulosa de
Andrômeda e ao longe ouvi o barulho da corrente do cavaleiro de Andrômeda,
salvando-me. Fiquei transbordando de felicidade, posso viajar pelo universo e
visitar sem pressa meus reinos encantados através das correntes do cavaleiro de
Andrômeda.
3 comentários:
belo conto de fadas!
como sofrem os diferentes... ameaçam a sombra dos outros!
Nossa, que texto lindo, que sensibilidade... Você não é aspirante a nada, diria que já é um grande artista... Como você acredita em mim, eu acredito em você... Força e mãos a obra... =)
Concordo com Stênio, tu não és aspirante, mas já sabe que gosto de teu trabalho, tanto blog, quanto vlog, rapaz, eu amei este conto, um adulto no corpo de uma criança, sem maldade alguma, no inicio estava me lembrando Sheldon de The Big Bang Theory, mas tu és melhor, mais puro. Poxa, que sonho lindo, quando for viajar pelo Universo, por favor, me chame.
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