terça-feira, 18 de janeiro de 2011



SEM FORMA SEM NOME

Fome ancestral. Devorava carne, vísceras e sorvia vorazmente sangue. Mas, continuava vazio e a fome nunca cessava.

Um dia, o sem forma e sem nome descobriu uma ventosa oculta no seu corpo e decidiu usá-la na próxima caçada.

A partir daí, capturou lembranças que foram preenchendo os lugares vazios de seu interior e o apetite começou a diminuir.

O curioso que, ao longo do tempo, as presas não morriam nas caçadas. Depois de serem sugadas suas memórias, iam embora atordoadas.

Já a estranha criatura conhecia pela primeira vez o sossego, ao digerir recordações alheias. Não quis mais saber de outro alimento.



Um comentário:

Angela disse...

Seria uma evolução?
Da matéria ao espírito?
interessante este ser.