Imagem encontrada no google
"Eu continuo grande. Os filmes é que ficaram pequenos". Norma Desmond, em Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950), de Billy Wilder.
"O homem tem de se inventar todos os dias"
Jean-Paul Sartre
Olhou seu quarto já corroído pelo tempo, vivia
numa casa secular e espremida por arranha-céus. Depois, retornou a fazer as
malas. “Preciso sair deste lugar, as traças me devorarão.”, pensou.
Os pais de Virgínia viviam em outra realidade,
permaneciam no passado de riquezas e viagens exuberantes, mesmo sendo
sustentados com sacrifício pela velha empregada e pela própria Virgínia.
O
celular tocou, era o noivo Vladisson Highlander. Compraram um bom apartamento
na Taquara, Jacarepaguá. Virgínia estava radiante com a nova vida e ao mesmo
triste por deixar o reino decadente, onde passou bons momentos. O companheiro
era dono de uma rede de padarias e ela professora universitária de História da
Arte.
Ao
descer a escada, os pais lhe olhavam fixamente. Virgínia não disse nada, não os
abandonaria. Principalmente, não largaria o fardo nas mãos da antiga empregada.
Ao
entrar no carro Vladison Highlander sorriu
para ela. Recordou-se de uma música clássica que a avó sempre ouvia.
Quando
ele deu a partida, chorou um misto de alegria e tristeza encostada em seus
ombros.
***
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