sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Virgínia...

Imagem encontrada no google

"Eu continuo grande. Os filmes é que ficaram pequenos". Norma Desmond, em Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950), de Billy Wilder.

"O homem tem de se inventar todos os dias"

Jean-Paul Sartre


 Olhou seu quarto já corroído pelo tempo, vivia numa casa secular e espremida por arranha-céus. Depois, retornou a fazer as malas. “Preciso sair deste lugar, as traças me devorarão.”, pensou.

 Os pais de Virgínia viviam em outra realidade, permaneciam no passado de riquezas e viagens exuberantes, mesmo sendo sustentados com sacrifício pela velha empregada e pela própria Virgínia.

O celular tocou, era o noivo Vladisson Highlander. Compraram um bom apartamento na Taquara, Jacarepaguá. Virgínia estava radiante com a nova vida e ao mesmo triste por deixar o reino decadente, onde passou bons momentos. O companheiro era dono de uma rede de padarias e ela professora universitária de História da Arte.

Ao descer a escada, os pais lhe olhavam fixamente. Virgínia não disse nada, não os abandonaria. Principalmente, não largaria o fardo nas mãos da antiga empregada.

Ao entrar no carro Vladison  Highlander sorriu para ela. Recordou-se de uma música clássica que a avó sempre ouvia.

Quando ele deu a partida, chorou um misto de alegria e tristeza encostada em seus ombros.

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