PLOC
Depois que li o conto O COBRADOR de Rubem Fonseca, ótimas ideias surgiram. Comecei a cobrar, como o protagonista, o que a sociedade me devia. Principalmente estes mauricinhos e playboys, que se achavam os donos do mundo. Adorava vê-los se cagando de medo, quando encostava a faca nos seus rostos ou quando imploravam para parar de surrá-los.
Neste exato momento, sigo um babaquinha de terno, gravata e óculos indo ao banheiro do shopping. Ao entrar no recinto vazio, ouço um barulho de celular.
– Alô! Que foi mamãe. Como? Não pode ser! Diz que é mentira. Não!! Mas ele estava tão bem... Não!! PLOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOC
O cara de óculos sai da divisória onde estava de cabelos despenteados, o rosto cheio de baba e lágrimas. Me aproximo e ele me abraça.
- O Ploc morreu!!! Era o meu melhor amigo!!!
Pergunto quem é Ploc, ele diz que era um YorkShire que ganhou de presente e que morreu nesta manhã. Mostra a foto dele com o cãozinho. Sua dor me comove. Tinha um grande amigo também, chamava-se Pulguento. Vivíamos juntos correndo pelo bairro. Um dia, quando ele invadiu um quintal para cruzar com uma cadela, o dono da casa deu uma foiçada, que decepou sua cabeça. Presenciei tudo, só que não pude fazer nada.
Ajudo o rapaz a se erguer e o levo até a uma lanchonete. Faz questão de me pagar o lanche.
- Não sei como viverei sem o Ploc, era o meu único amigo.
Nos despedimos em seguida. No ônibus ao me lembrar da foto(O Mauricinho sorria e usava um suéter amarelo. Segurava o Ploc no colo, que vestia uma camiseta da mesma cor), começo a chorar.
Nunca tirei nenhuma foto com o Pulguento...