De repente, quis ser uma coisa e se despiu das palavras,
adentrando a floresta. O filho ao ver que as palavras se tornaram uma trilha,
seguiu em frente e a cada passo as guardou numa mochila. Não tinha medo de se
perder, conhecia a floresta muito bem. Encontrou o pai bebendo água no rio, no
início, o homem rosnou para o filho, mas não fez nada. Conhecia o cheiro do
menino, só queria espantá-lo. O filho olhou para os olhos do pai-fera e
percebeu que precisava deixá-lo. Foi embora com as palavras que vestiam seu
pai. A mãe esperava na porta e percebeu o que havia acontecido. Abraçaram-se.
Depois, colocaram as palavras do patriarca em um baú. Quando anoitecia, tanto a
mãe e o filho sentiam algo rondando a casa e se revezavam para colocar comida
na soleira da porta. No dia seguinte, recolhiam o prato, os talheres e a caneca
vazia.
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