sábado, 29 de março de 2014

Sherazade

Imagem encontrada no google

Nasceu no subúrbio e teve este nome, porque sua mãe sonhou com terras estrangeiras e acordou com ele no pensamento.

Desde menina, Sherazade encantava a todos com suas histórias imaginativas.  Ela tinha fome de viver, aprender e viajava através dos livros, mas, tinha a sensação que já conhecia muitos lugares, como se tivesse vivido em outras eras.

Quando se tornou mulher, a família dizia que ela precisava casar e ter filhos, do contrário seria uma solteirona seca e mal amada. Sherazade teve com medo e para agradar a mãe, casou.

O marido não gostava das histórias dela e tinha ciúmes dos príncipes que viviam na imaginação da esposa. Sempre criticava suas histórias, dizendo que eram chatas. Já os filhos adoravam e pediam para ela escrevesse. Sherazade as produzia e escondia no armário.

Um dia, ao abrir o armário sentiu o vento e a areia no rosto. Sua alma ficou revolta. Fez as malas e pegou os manuscritos que produzira anos e foi embora de casa.

Sherazade sentiu o peso do mundo, mas resistiu. Queria ser uma contadora de histórias e viajou para todos os cantos as narrando. Passou muita necessidade, porém estava extasiada por fazer o que mais gostava.

Todos paravam para ouvi-la e davam força para que publicasse seus livros. Até uma jornalista e editora resolveu ajudá-la.  Sherazade produzia cada vez mais.

Anos se passaram, ela  ainda não  tinha se reconciliado com a família. Os filhos não perdoavam pelo abandono, um pai pode ser perdoado por isso, mas a mãe, nunca.  Escrevia cartas e mais cartas que nunca foram respondidas.

Uma vez, um dos filhos foi visitá-la e ela adorou conhecer os netos e contou várias histórias. Ficou tão feliz que morreu feliz. Quando entraram no quarto, viram o vento balançar as cortinas e a areia cobri-la.

***
Ao som 

Era - Looking for something


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