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Nasceu no
subúrbio e teve este nome, porque sua mãe sonhou com terras estrangeiras e acordou com ele no pensamento.
Desde
menina, Sherazade encantava a todos com suas histórias imaginativas. Ela tinha fome de viver, aprender e viajava
através dos livros, mas, tinha a sensação que já conhecia muitos lugares, como
se tivesse vivido em outras eras.
Quando se
tornou mulher, a família dizia que ela precisava casar e ter filhos, do
contrário seria uma solteirona seca e mal amada. Sherazade teve com medo e para
agradar a mãe, casou.
O marido não
gostava das histórias dela e tinha ciúmes dos príncipes que viviam na
imaginação da esposa. Sempre criticava suas histórias, dizendo que eram chatas.
Já os filhos adoravam e pediam para ela escrevesse. Sherazade as produzia e
escondia no armário.
Um dia, ao
abrir o armário sentiu o vento e a areia no rosto. Sua alma ficou revolta. Fez
as malas e pegou os manuscritos que produzira anos e foi embora de casa.
Sherazade
sentiu o peso do mundo, mas resistiu. Queria ser uma contadora de histórias e
viajou para todos os cantos as narrando. Passou muita necessidade, porém estava
extasiada por fazer o que mais gostava.
Todos
paravam para ouvi-la e davam força para que publicasse seus livros. Até uma
jornalista e editora resolveu ajudá-la. Sherazade
produzia cada vez mais.
Anos se
passaram, ela ainda não tinha se reconciliado com a família. Os filhos
não perdoavam pelo abandono, um pai pode ser perdoado por isso, mas a mãe, nunca.
Escrevia cartas e mais cartas que nunca foram
respondidas.
Uma vez, um
dos filhos foi visitá-la e ela adorou conhecer os netos e contou várias
histórias. Ficou tão feliz que morreu feliz. Quando entraram no quarto, viram o
vento balançar as cortinas e a areia cobri-la.
***
Ao som
***
Ao som
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