Era tempo de carnaval. O dia estava muito quente; muitos mascarados pela rua faziam algazarra. A menina ia à matinê perto da casa da avó; estava fantasiada de Chapeuzinho Vermelho e carregava uma cesta de doce para avó e para os primos.
Quando se sentou no ônibus, apareceu um homem
mascarado de lobo. Tinha uma camisa estampada e uns cordões grossos de ouro
pendurados no pescoço peludo. Tirou a máscara e se sentou ao lado da garota.
Começou a falar com ela:
– Oi, vai pro baile?
– Desculpa, a minha mãe falou que não posso falar
com estranhos.
– Você se parece com uma menina que conheci. Ela
era... Deixa pra lá. Essa cesta tem doces?
– Tem, qué um?
– Não. Olha, não precisa ter medo de mim. É que me
lembrei de uma pessoa, quando a vi.
A menina lhe deu um doce. “Ele é bonito e forte...”,
pensou. O homem gostou da guloseima. Antes de ir embora, disse para ela:
– Tchau, menina, divirta-se bastante.
– O senhor também.
Ele ia encontrar com os amigos. Tentava se divertir,
mas não conseguia esquecer a dor de ter perdido a sua filha, naquele
acidente...
Os amigos disseram que Glorinha iria encontrá-los no
baile. Estava ansioso por recomeçar com a mulher. Deram um tempo, depois da
morte da filha.
Começou a rir, vendo a menina fantasiada ir à casa
da avó, para brincar com os primos na matinê.
“Quando crescer, essa menina vai ser de parar o trânsito...”.
“Quando crescer, essa menina vai ser de parar o trânsito...”.
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