sexta-feira, 26 de maio de 2017

Terror



Imagem manipulada do filme A noite dos mortos vivos de 1968





No inverno as ruas escurecem rapidamente e ficam mais vazias. Helena anda apressada, quer entrar logo na sua casa.

Ao chegar, tranca-se e, sentindo-se segura, dá uma arrumação rápida nas coisas, toma banho e vai assistir um pouco de tevê. 

Toda casa está escura, só a luz da televisão ligada. Helena deseja se distrair um pouco, sente medo de tudo. 

Quando começa a madrugada, inicia um filme de zumbi. Helena assiste para matar saudade dos tempos que assistia estas histórias com os primos. Era muita gritaria e zoação.

No filme, a heroína está escondida nos arbustos, observa um morto vivo que lhe parece familiar. Neste momento, Helena sente uma presença na janela. É seu primo que não via há muito tempo e viciado em crack. 

Ele está com os olhos vidrados no filme e, por segundos, Helena percebe que seu primo e o zumbi trocam olhares que transbordam uma voracidade imensurável.
Helena desliga a tevê rapidamente, corre para o sofá e se esconde nas cobertas. Reza para amanhecer logo ou cair no sono.

Percebe que o primo se foi, está completamente sozinha no breu da madrugada. Pensa na infância e de como seu bairro foi tranquilo um dia.


De repente, ouve o galo cantar e a movimentação na rua. Helena relaxa e cochila um pouco, ainda tem três horas de descanso até o despertador tocar.

domingo, 21 de maio de 2017

Três irmãos



Um era impulsivo, o outro mediador e o último controlador.

O que equilibrava, cansado de arbitrar, foi embora para encontrar sua individualidade. Anos depois, com remorso, voltou. Percebeu que a casa não fora destruída e os irmãos que sempre estavam em conflito, viviam em harmonia.

Descobriu que eles encontraram seus lados de mediadores e se resolveram sem a sua ajuda. 

Enquanto ele para se sentir completo precisava deixar seu lado impulsivo e controlador se digladiarem.




terça-feira, 9 de maio de 2017

Pelo menos, uma vez na vida...



É uma bela jovem e dirige sozinha pela estrada em busca de liberdade. Seu carro quebra e um desconhecido a ajuda. Dá-lhe carona e uma forte atração surge entre eles.

A mulher tem receio que seja um tarado, já o homem pensa que a jovem pode ser uma emboscada. Talvez seu comparsa está na próxima curva. Mas, ela se reconhece no olhar dele e vice e versa. Os dois querem ser livres pelo menos uma vez na vida.

Nada acontece e param num motel de estrada, só há um quarto vago. Decidem ficar juntos e segundos depois, sozinhos, entregam-se ao desejo até o anoitecer. Sentem-se com asas e voam em todos os recantos inimagináveis.

No entanto, nem se dão conta que seus antigos parceiros obcecados e obsessivos colocaram rastreadores em seus respectivos celulares e já sabem que estão juntos no quarto. Também, reconhecem-se na traição e na vingança.


Estranhamente, quem os visse, teriam a impressão de que estavam com olhos felinos.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

VINGANÇA



Por que não posso entrar na roda?
Quero brincar, também, poxa vida?
Quero tanto entrar na roda, mas, ninguém deixa. 
Sempre fico sozinho, vagando por aí.
Quer saber de uma coisa!
Se não me deixam entrar na roda, vou devorar vocês!