Estava numa festa em que os convidados sorridentes, elegantes começaram a feder, apesar do aroma dos perfumes estrangeiros que usavam. Almejou tanto ir àquela festa, mas o desejo se desmanchou feito água no ralo. Ao seu redor, tudo ficou sem sentido e um vazio o invadia. Teve medo de ser um morto vivo como as pessoas da festa. Ele não entendia que mesmo belas, tinham algo corrompido em seus olhos. Eram jovens sem viço.
Foi embora até ao ponto de ônibus. Lá
havia um senhor com uma carrocinha de
cachorro quente. Ele abordou o rapaz:
- Está com fome?
- Sim.
- Preparo um do jeito que você gosta.
- Valeu. Estou estranhamento cansado.
- A festa não estava boa?
- Sei lá, senti falta de ar.
- Maltrataram você?
- Não.
- Pareciam mortos vivos?
- Sim...
- Sei como se sentiu. Aconteceu
comigo e seu avô me esperou neste mesmo ponto de ônibus e nesta mesma carroça.
Além do mais, o mesmo céu estrelado.
- Pois é, o céu está lindo mesmo. Não
quero vender cachorro quente...
- Não precisa, siga seus próprios
caminhos. Mas, cuidado com essas pessoas que frequentam essa festa. São
criaturas ilusórias que empurram a gente para o abismo.
- Quando chegar em casa, dormirei cem anos.
- Roubaram um pouco
sua energia. Porém, uma boa
noite de sono resolverá.
- Quem são eles?
- Não sei. Vivem por aí, vagando de
festa e festa. Procuram por algo que perderam há muito tempo. Vivem com uma
eterna fome de devorar qualquer
coisa. Por isso, sempre estão eufóricos.
Pai e filho foram embora tranquilos,
o sol nascia. A festa continuou a todo vapor.
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