segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

CEREJEIRAS( conto bem antigo, nem existia google tradutor)


... Andava a receber comentários anônimos no meu blog e e-mail. Estavam escritos em japonês ou chinês, não sabia ao certo. No início apagava, pensava que era trote ou vírus, porém, a insistência fez nascer a curiosidade de quem me enviava diariamente essas mensagens.

Comentei com um colega Flávio, que indicou um primo que cursava japonês na faculdade. Passou uma semana, Flávio enviou a tradução por e-mail: “É japonês mesmo e os textos contêm o mesmo conteúdo: “As cerejeiras caem no chão. Você promete que vai voltar, mas sei que desaparecerá com o vento. Imergi no silêncio e me deixei acarinhar pelas pétalas das cerejeiras que caíam sobre mim. Passaram muitos anos e desejo reencontrá-lo. Preciso que você faça aquilo, para me libertar.”.

Dois dias depois, a campainha tocou. Quando abri a porta, encontrei duas moças, uma era oriental. A outra falou que a japonesa precisava de um favor muito especial. Dizem que os olhos são o espelho da alma.  Seus olhos puxados, refletiam uma luz cálida que me transbordou de ternura.

Aproximei-me e soprei a sua nuca esguia, ela chorou e suspirou longamente. Em seguida falou em voz baixa com a moça que veio com ela, que retornou a mim: “ Ela disse muito obrigada.”. Foram embora.

Depois desse encontro, sonho com cerejeiras constantemente...

 




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