Luiz Antônio sempre
sonhou em ser escritor de sucesso, mas nunca escreveu um parágrafo sequer. Ele
não pensava na escrita e sim no status de um escritor de renome que mora em uma
ilha paradisíaca e numa espetaculosa mansão. Sonhava acordado com os prêmios
literários, champanhês e festas de arromba com celebridades internacionais. Imaginava
até aventuras eróticas com modelos que iriam visita-lo, ficando admiradas por
sua cultura, inteligência e o corpo malhado. Pois, além de escritor, em
devaneios, também, dedicava-se três horas e meia de treino na sua academia
particular.
Um dia, resolveu
escrever um best-seller e decidiu se matriculou numa oficina de contos de certa
senhora escritora. Achava que resolveria todos os seus problemas, já que ao
fazer a oficina, poderia conhecer contatos de alguma editora bacana.
Com o passar das aulas,
percebeu que o ato de criar não era tão fácil assim. A inspiração não vinha
somente com as ninfas que pegavam carona com a brisa da alta madrugada, pelo
contrário, a senhora mostrou que para escrever ficção precisava muito estudo e
trabalho. Luiz Antônio se aborreceu com
a descoberta de que não seria tão fácil como pensava.
Tentava ler os livros
sugeridos pela velha escritora e, em seguida, surgia um tédio terrível e as pálpebras
ficavam pesadas. Quando tentava escrever, empacava, ficando horas em frente ao
computador. O arquivo em branco do Word mostrava com ele era vazio de ideias.
Desistiu da oficina em
poucas semanas. Ficou com raiva da senhora escritora, pois ela destruiu seu
sonho de ser um célebre escritor, sem nenhum tipo de esforço.