UM POUCO DE PAZ
Quando o filho apareceu com olhar brilhante, o pai sentiu um frio na espinha. O jovem, quando se apaixonava tornava-se uma tormenta na vida de todos que conviviam com ele.
O pai estava cansado de reconstruir sua vida por causa do filho; queria ter uma velhice sem sustos. Nos períodos em que o rapaz não se relacionava, o senhor aproveitava os momentos breves de sossego, ao máximo. Rezava para que nunca acabasse a trégua.
Entretanto, um dia o filho chegou a sua casa com euforia sombria. Começou a fazer telefonemas misteriosos e a ficar na internet alta madrugada. O pai começou a ter insônia. Fragmentos de lembranças surgiram em sua cabeça: policiais invadindo a sua casa, crise de ira do filho que destruía todos os móveis e ele tinha que comprar tudo novamente; dias cuidando do jovem que, quando em depressão,ficava entrevado na cama. Precisava dar-lhe comida na boca e ajudá-lo a tomar banho.
Um dia, no meio da noite, a polícia bateu à sua porta. O filho havia feito um pacto de amor com uma moça e se suicidaram num quarto de motel. O pai se entristeceu, mas uma sensação de tranquilidade o confortava. O filho, finalmente, encontrou paz e ele poderia viver do jeito que sempre almejou.
Retornar para a pequena cidade da sua infância. Subir ao campanário, como fazia quando criança, para ver o povoado e, talvez, acreditar que tudo não passou de um sonho ruim.
Um comentário:
gosto deste. Dá pra entender esta necessidade de paz.
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