, “ Há os grandes escritores e uma legião de escritores menores que tentam assimilar seus estilos.”. Então eu sou da legião dos que tentam ser aspirante a escritor que digere o estilo da legião dos escritores menores, que assimila o estilo da legião dos grandes escritores. Estou bem na fita,
segunda-feira, 23 de abril de 2018
sábado, 21 de abril de 2018
MÁSCARA-OBJETO
Não acredito, não pode ser. Deixei minha máscara em casa. Por isso, que estão me olhando estranho. Estão me vendo como sou realmente. Olham-me assustados, com desprezo e ódio. Como isto pôde acontecer? Sou o único sem máscara que anda pela rua. Nunca a esqueci, vivo com ela grudada em mim, no banho, principalmente. Mas, hoje, tudo foi bastante estranho. Acordei super atrasado.Pulei da cama e me arrumei correndo, nem tomei banho. Isto nunca aconteceu comigo... Estou completamente exposto, parece que os transeuntes estão tendo acesso aos meus pensamentos mais profundos. Preciso voltar e pegar minha máscara. Estou com tanto medo, que não consigo me mover, além, de parecer uma gelatina de tanta tremedeira. Não gosto desta sensação de fragilidade, quando uso a máscara, ficou no controle. Uma criança me aponta e diz para mãe: " Aquele homem está sem máscara, ele é maluco, mamãe?". Não, eu não sou doido, só esqueci de colocá-la. Será que irão me enfiar numa camisa de força? Sou um bom cidadão que trabalha, que paga imposto, só cometi o deslize de esquecer minha máscara em casa. Ninguém percebe que ainda sou uma pessoa? Parece me veem como uma coisa amórfica. Tenho que fugir! Espera, lembro-me que meu avô me disse que dentro da gente há uma coleção de máscaras. Não precisamos da máscara-objeto para representar nosso papel. Bem, todos diziam que o vô era caduco. Mas, não custa tentar. Ele disse que precisa se concentrar muito. Vamos lá... Cadê vocês? Só vejo escuridão, preciso relaxar. De repente, a cidade se cala e o silêncio se comunica comigo. Começo ver várias máscaras. Com pode existir tantas dentro de mim? Vou escolher uma, peguei! Tudo volta ao normal. As pessoas não me olham mais. Sou mais um mascarado na multidão, que bom. A vida que segue. Quando voltar para casa, jogarei a mascara-objeto fora, não preciso mais dela.
domingo, 8 de abril de 2018
MIRAGEM
Imagem encontrada no google
“Homem preso”... “O
número de vítimas
aumenta vertiginosamente”... “
Pedófilo desgraçado!!”... “ Entregou-se depois de fugir para
fora do país”...
Todos os dias, Sofia ouvia a enxurrada de notícias. Mas, ainda achava que estava sonhando. Vizinhos de mais de quarenta anos viravam-lhe
a cara e até destruíram o seu
pequeno jardim, o qual ela e
seu marido cuidavam com bastante zelo.
Perguntava-se por qual motivo Alfredo fez tantas coisas
ruins. Era tão cuidadoso com ela e amoroso. Aquelas meninas tinham até idade de suas
netas.
Antes, todos admiravam
e invejavam o
casamento de Sofia com Alfredo.
Sempre sorridentes e nunca brigavam.
Sentia-se plena, com um
marido que a cercava de
mimos.
Porém, quando tudo
foi revelado, Sofia teve a
sensação que toda sua vida foi uma mentira. Pôs a boca no travesseiro e gritou, sentia uma dor física.
De repente, a porta se abriu
e sua netinha correu para
ela e lhe deu um desenho.
Sofia olhou a neta, que lhe sorri. Compreendeu estar errada, sua trajetória não foi
somente miragem. Entendeu que
possuía uma família
de verdade. Relembrou os momentos
felizes e não se sentiu
mais vazia.
Finalmente, conseguiu levantar da cama. Abriu as janelas,
a vida lá fora continuava em
movimento. Seguiu os sons
que vinham da sala.
Todos estavam lá, esperando-a.
Emocionou-se, nem tudo
foi falso.
Barriga errante( conto antigo)
Essa é a história da minha barriga.
Deseja a liberdade plena. Revolta-se, quando coloco o cinto na calça. Sente-se estrangulada e se estufa ao máximo, até ceder o cinto.
Ela quer ser dona dela mesma. Eu a reprimo.
Gosto dela, porém, não posso permitir, que ela se revolte contra mim.
Tento dominá-la. Ela resiste. É uma guerra silenciosa e cruel.
A paz dessa batalha, talvez, só irá acontecer, quando nós dois morrermos.
Ou não, nossos espíritos continuarão a lutar.
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