Imagem encontrada no google
Quando criança, Cláudio adorava ir à casa dos avós.
Podia brincar à vontade na chácara. Era um paraíso para ele e os primos.
Numa noite, quando foram dormir, a avó saiu para
dar uma volta. Sempre sentia calores e precisava caminhar pela noite fresca.
Cláudio estava sem sono e, quando foi à varanda, flagrou a avó beijando
ardentemente o caseiro mais jovem. Cláudio ficou horrorizado, sempre achou sua
vó parecida com a imagem imaculada da dona Benta do Sitio do Pica-Pau Amarelo.
Retornou a cama, chorando. Nunca mais quis voltar à chácara.
Alguns depois, retornou para ver o avô doente e
deprimido pela morte de sua esposa. Foram dias agradáveis. O avô lhe perguntou por que nunca mais quis ir
ao sítio. O jovem revelou o caso da avó e se surpreendeu de o velho não esboçar
nenhum sentimento.
Só disse que o desejo para ele tinha passado, mas,
não para ela e que isto era insignificante em relação ao fato de estarem juntos
na alegria, na tristeza, na saúde e na doença por quase toda a vida juntos. O
avô sabia que ela o amava verdadeiramente.
Ainda disse a Cláudio que era muito jovem para
compreender as ambiguidades do ser humano. Todo mondo possui camadas que se
revelavam com o passar das estações.
Cláudio só entenderia o diálogo com o avô, anos depois.
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