segunda-feira, 28 de abril de 2014

Peixe fora d'água



" no espaço ninguém pode ouvir você gritar". O slogan de "Alien, o Oitavo Passageiro"

Não posso acreditar acordei numa nave espacial. Como vim parar aqui? Ao abrir os olhos, uma médica me diz que estava numa espécie de capsula por cem anos.

Meu mundo que conhecia não existia mais. Perguntei como parei ali, ela comentou que fui um voluntário-não-especialista. Revela que era uma pesquisa comportamental para ver como um indivíduo sem qualificação de astronauta reagiria às adversidades. Mas, argumentei que já se passara cem anos. Então, disse que a pesquisa é de longo prazo.

Caminho pela nave, ainda bem que tem gravidade. Odiaria ficar flutuando. Os dias se passam e a única coisa que gosto é tomar banho de banheira, olhando através da janela envidraçada o universo. Não me canso de ver, como fazia com o mar antigamente. Tudo é tão sem sentido, como parei aqui nesta nave? Sinto-me um peixe fora d'água, já que todos são super inteligentes. Fragmentos surgem, estava só e um senhor me oferece ajuda, rubriquei um papel que ele pediu par assinar.

Fui convidado para trabalhar na biblioteca, pois, muitos cientistas gostavam de ler livros concretos, organiza-os com ajuda de um robô implicante. Quer ser meu chefe e o mando ir à merda toda hora. Agora, estou aqui, escrevendo sobre o que acontece comigo.

Estou preso nessa merda desta nave e não posso voltar para casa, porque não existe mais. Também, nem sei se já tive um dia uma casa.


Completamente só no Universo, mas quando estou no banho olhando as estrelas, sinto saudade de algo que não sei o que é. As estrelas me consolam são as únicas testemunhas do meu caos íntimo. Quer saber de uma coisa, para que complicar? Viverei a realidade que estou agora, completamente perdido no espaço. Tentarei ocupar a mente, entrosar-me com este povo metido e ser mais simpático com o robô que, querendo ou não, é meu chefe. 

A vida é absurda mesmo, se procurar lógica em relação ao que acontece comigo, ficarei maluco.

domingo, 27 de abril de 2014

A DEDADA PROIBIDA( Um dos meus primeiros contos.)


* Príncipe da Pérsia


Jargo era um guerreiro, considerado como um dos mais fortes e corajosos do reino.  Era o líder da guarda do palácio, defendia a família real com toda lealdade. Morreria para protegê-los. O rei lhe tinha muita estima e os soldados também. Porém o único que nunca gostou dele era o conselheiro real. Invejava a influência que o guerreiro tinha com rei e os habitantes do reino.

O conselheiro queria encontrar ou arranjar um mal feito do guerreiro, para depois desmoralizá-lo perante todos. Procurava algo que incriminasse Jargo, mas não conseguia encontrar nada.

Até que um dia, um jovem informante transtornado veio a ele contar o que viu. Disse que vira uma cena esdrúxula, relacionada com a conduta moral do guerreiro Jargo. Começou a relatar:
 - Segui Jargo até uma casa afastada da cidade. Ele entrou na casa, fui observar, escondido para ninguém me ver. Lá esperava uma moça que parecia ser nobre. Conversaram um pouco e depois se beijaram apaixonadamente. Eles subiram ao andar de cima, esperei que uma luz aparecesse nos cômodos superiores da casa. Quando acendeu, subi numa árvore que era em frente ao cômodo em que estavam. Senhor! A cena era grotesca. Lá estava aquele homem forte, deitado de costa na cama e a moça alisando suas nádegas, penetrando seu delicado dedo naquele orifício, onde sai  impurezas do nosso corpo.  Ele gemia e pedia para ela não parar de tocá-lo.

A arma que o conselheiro queria para destruir o guerreiro estava em suas mãos. Então arquitetara um plano. O rei era um homem que pregava a pureza da alma aos cidadãos do reino e não queria no palácio, pessoas com desejos  considerados escusos. Falaria com o rei, arranjaria testemunhas, que seriam os companheiros de luta do guerreiro.

        Foi direto ao rei e relatou tudo. O rei atordoado não acreditou, mas decidiu ver se tinha algum fundamento na denúncia.  Junto com o invejoso conselheiro organizaram o flagrante.

Era uma noite calorosa, os dois amantes estavam se amando. Não perceberam que em breve teriam companhia. Jargo somente percebeu o que acontecia, quando a porta do quarta foi aberta com violência. Viu os soldados, seus companheiros, o conselheiro e o rei. No início, todos ficaram perplexos. Porém, momentos depois, todos o olharam com fúria e sarcasmo. O rei disse que estava enojado com o que vira, decidiu que os dois amantes deveriam ser punidos. O guerreiro pediu clemência à moça, mas, o rei não deu. Mandou matá-los.

Os soldados correram na direção deles, o cavaleiro teve tempo de pegar sua espada. Nu, lutou com seus oponentes, matando um a um. Pensou: - não posso deixar que a matem.

Ele pulava, dava cambalhota no ar; subia pelas paredes e lutava maravilhosamente com sua espada. Enfim, quase eliminou todos que invadiram o quarto.

Mas, um soldado o feriu em seu órgão sexual. Mesmo machucado conseguiu aniquilar todos seus inimigos. Os únicos que sobraram foram o rei e o conselheiro. Jargo iria poupá-los, porém o rei ergueu a espada. Ele rapidamente desviou e matou o soberano. O conselheiro quis fugir, Jargo jogou sua espada na direção dele, perfurando as suas costas.

A jovem ajudou Jargo no curativo do machucado, ele ficou triste porque com a ferida poderia ficar impotente. Ela para consolá-lo disse que existiam outras formas de sentir prazer. Ao término do curativo, decidiram fugir para um lugar seguro, onde ninguém os encontraria.  A moça era filha de um conde falido que foi assassinado por não poder honrar suas dívidas; sua mãe já tinha morrido. Não tinha mais nada que a prendesse naquele lugar, vivia das migalhas de um padrinho, que sempre a humilhava. A única coisa que possuía era Jargo, seu amor.


Fugiram para terras distantes e exóticas. Queriam um lugar calmo, onde pudessem se amar em paz.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

O vazio invade o quarto e me acorda...


Imagem encontrada no google


Sinto aquele medo de criança de ser o único ser vivo no planeta. Mas, vejo um gato pulando o muro e uma coruja na árvore. Não estou só, mesmo que seja o único ser humano vivo. Existem outros animais, posso ficar com eles. Esquecer minha "humanidade", viver o instinto. Por que não? Ouço ao longe passos-vozes-carros-ônibus. O vazio deixa de ser denso e se transforma numa sensação minha. Estou com sede, vou pegar um copo d'água. Voltei, o dia clareia. Trabalhadores caminham pela rua, posso caminhar em "segurança". Às vezes, sinto-me um equilibrista que atravessa uma imensidão vazia.

ESPERANÇA(Refilmagem de uma ideia antiga)


terça-feira, 22 de abril de 2014

"Decifra-me ou devoro-te"


Édipo e a esfinge

   
 Um barulho de mensagem no celular, Anderson a leu: " Vou te devorar, por que não me decifra logo?". Apagou a mensagem e continuou a fazer o que sempre fez.

Numa manhã faltou o trabalho e todos ficaram surpresos e até ligaram para sua casa. Mas, ninguém atendeu. Até, sua mulher, Laura, não aparecera no trabalho.

Passara-se mais de vinte quatro horas e decidiram abrir a casa de Anderson.

Encontraram a esposa com uma barriga enorme e num estado de gozo profundo.

Anderson estava inconsciente em seu útero. Tiveram que fazer cesariana, já que a vagina de Laura se contraía com muita força para não libertá-lo.




segunda-feira, 21 de abril de 2014

ÚNICO DESEJO

Crédito da imagem: http://www.circulandoporcuritiba.com.br/2012/09/a-mulher-e-o-cantaro.html

A lua ilumina a estátua feminina em pleno jardim. Ela sorri para mim, mas continuo a ouvir Helena tocar piano. Passos lá fora, não sei o que sinto, meus pensamentos estão desarmônicos. Levanto-me e saio da sala. Quando chego ao jardim, vejo a estátua dançar suavemente. Vou até ela e fazemos sexo até o ápice da música que Helena toca no piano. Tudo terminado, a mulher retira a pintura prateada e vai embora. Depois, vou até Helena e a beijo longamente. Estou agradecido por ela realizar meu único desejo. Meu primeiro amor foi uma estátua, que ficava numa praça perto da casa dos meus avós. E, apesar dos anos, ela nunca saíra da minha cabeça. Até chorei, quando ela foi implodida por um louco, que se dizia traído por ela. Helena achou linda e triste a minha história e percebeu que teria muita inspiração musical ao realizar meu desejo. Realmente, tornou-se excelente pianista.


***



sexta-feira, 18 de abril de 2014

Intimidade



"O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança" Gabriel García Márquez

Quando Antônio dormiu abraçado com Vanda até ao amanhecer, sentiu-se mais íntimo dela do que nas outras noites de puro sexo.

Foi seu primeiro e único amor.     

terça-feira, 15 de abril de 2014

Eles




“Nunca nos devemos esquecer que nenhum homem pode fugir de si mesmo.”


Os jovens observam a senhora e o homem. Deduzem que são mãe e filho. Planejam como atacarão, vestem fantasias. Denominam-se caçadores de aventuras e esperam ansiosos as aulas da faculdade, para poderem brincar.

A senhora sente um arrepio, olha para o filho, que lê um livro. Sempre cuidou dele e desejava que aquele mal não o afligisse mais.  Ele percebe o olhar temoroso materno e diz que está tudo bem.

Barulho ao redor da casa, a senhora se assusta, mas não pelo barulho e sim aquela sombra que perpassa pelo rosto do homem. Ela pede para ter calma, mas, não a ouve. É outra pessoa. A senhora pega o celular, sem sinal. Moravam em lugar distante e, em muitas ocasiões ficavam incomunicáveis com  o mundo exterior.

O homem sai de casa. Consegue sentir a pulsação dos invasores.  Em frações de segundos, descobre onde estão e os ataca, parecendo uma fera. Depois, enterra-os nos fundos da casa.

Entra na casa e chora. A mãe o consola. Diz que precisam ir embora. Desde criança, ele tinha uma força destrutiva, principalmente, quando os outros o provocam.

 Anos procuravam um canto, onde pudessem encontrar a paz. Porém, como fugir daquilo que existia dentro do filho.



segunda-feira, 14 de abril de 2014

Solidões


autoria da foto... EU


Estrada deserta, chuva e um homem caminha à deriva.

 De repente, vê uma árvore solitária.  Diz " oi!" e se assusta com a própria voz , que parecia ser de outro.

 Continua a olhar e, pela primeira vez, durante muito tempo, sentiu-se interagindo com algo.


Desejou que sua solidão se comunicasse com a solidão da árvore.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

BIRUTA


- Por que está com o rosto vermelho?

- Estou tímido e com vergonha, a lua me paquera.

- Esqueceu-se de tomar seus remédios?


- Parei, estavam me deixando biruta. 

Bons tempos



-Não quero saber de nada disso! Meu avô era muito bom para mim e um excelente patriarca da família. É tudo mentira. Por que querem me enganar? Não se envergonham?  Ele não cometeu nenhum crime terrível! Essa foto que ele aparece rindo e torturando uma jovem, é falsa!   Agora, esses ossos que encontraram em nosso sítio... Pode  ser que tenham forjado isso também! Por que querem denigrir a imagem de meu avô? Coitado, está servindo de bode expiatório, para camuflar a roubalheira  desses políticos safados de esquerda. Concordo com meu avô, na época da ditadura, isso não existia. Os militares metiam bala na fuça desses corruptos safados de esquerda.  Bons tempos de dignidade e de honra.

***



quinta-feira, 10 de abril de 2014

O escrevente de cartório...

Imagens encontradas  no google

Era bruxo nas horas vagas e, por engano, ele pegou uma caneta mágica.

Quando anotava um casamento no registro de nascimento de Antônio Bruno, Quesia Gertrudes apareceu na cama dele. Foi um susto para ambos, já que Antônio Bruno era noivo de Pâmela Vitória, enquanto  Quesia Gertrudes, casada com Francisco Welington.

 Mas, o escrevente-bruxo fez um feitiço para retornar aos instantes passados, com a intenção de consertar o erro.  Resolveu o problema, mas um colega de trabalho viu o que fez e contou ao chefe. Foi demitido, porque no trabalho não pode fazer bruxarias.  Quando ia usar a poção para voltar ao tempo novamente e consertar tudo, o frasco não estava mais na sua mochila.

Resignou-se e voltou para casa. Depois acessou pela Internet os classificados de emprego. Lembrou-se que tinha visto no seu horóscopo que teria mudanças significativas na sua vida profissional.

***

Uma dia, Antônio Bruno e Quesia Gertrudes se encontraram na rua por acaso.
Tornaram-se amantes.



terça-feira, 8 de abril de 2014

Certidão de Nascimento

Imagem encontrada no google

O menino teve um pensamento de lâmpada acendendo e  saiu correndo  para pedir ao pai escrevente do cartório registrar seu amigo imaginário. Assim, tendo uma certidão de nascimento, ele iria existir de verdade. O pai quando ouviu o filho, coçou a cabeça e disse depois:
- Filho, para fazer a certidão, precisa-se do documento do hospital para saber o dia e a hora do nascimento dele.
- Então, a gente faz em casa.

- Filho, isso não está certo. Desde sempre é preciso respeitar as leis. Certidão só com estas informações, do contrário será uma farsa.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

O menino esqueleto ( nova versão para um conto antigo)


Imagem encontrada no google


O bruxo Josef era muito sozinho e vivia em uma casa sombria,  no meio da mata. Para não se sentir mais solitário, utilizava a magia para criar amigos obedientes, mas, não duravam muito.

Certo dia, pegou todos os ingredientes e jogou no caldeirão secular. Surgiu um esqueleto pequeno, que parecia ser um menino. O bruxo gostou de o servo ser menor, seria como um irmão mais novo, que o colocaria no altar de irmão mais velho experiente e sábio.

No início, o menino esqueleto o admirava e o obedecia cegamente. Mas, quando foi colher uma planta na mata, a mando do bruxo, encontrou crianças brincando com um cachorro. Admirou-se e quis curtir também. Quando se revelou, as crianças fugiram e o cachorro mordeu sua perna com gosto. Nunca vira um enorme grande osso ambulante.

Apesar do medo do desconhecido, as crianças foram ao seu encontro. Os olhares se transformaram em toques e, depois, em perguntas. O menino esqueleto não conseguia responder, sua cabeça estava embaralhada. Brincou tanto com as crianças que chorou de felicidade. A meninada se surpreendeu ao ver lágrimas escorrerem na face do menino esqueleto.

Não quis falar ao mestre sua experiência com as crianças. Tinha medo de sua reação. O bruxo dizia sempre: “ Sou seu senhor e dono. Tem que me obedecer sempre, do contrário vou destruí-lo com minha varinha.”

Voltou diferente e o bruxo sentiu uma angústia no peito. O menino esqueleto começou a questionar sobre o motivo de só obedecer e, mesmo inventado por feitiços, era um ser vivo independente. O bruxo ficou triste e com raiva de voltar a ficar só. Pegou a varinha para destruir sua criação. Mas, o menino esqueleto fugiu pela janela e foi para mata.

No dia seguinte, as crianças e o cachorro retornaram para brincar com ele. O menino esqueleto gostou de fazer amigos. Mas, no meio da brincadeira o bruxo apareceu. O cachorro avançou e o mordeu.

O bruxo chorou e uma das crianças foi para casa pagar curativos. Ele ficou sem ação e o cão lambeu até o rosto dele, como forma de pedir desculpa. Depois do curativo feito, o bruxo disse que não faria mais mal ao menino esqueleto.

Entretanto, o menino esqueleto começou a se dissipar no ar e se despediu com um sorriso. Todos ficaram tristes, até o cachorro uivou. O bruxo disse que seus feitiços sempre foram provisórios e se fizesse outro menino esqueleto, aconteceria de novo.

As crianças disseram que não. Pediram se ele poderia fazer nevar um pouco, já que nunca brincaram de fazer bonecos de neve. Vivia em um país tropical.
Surgiu uma amizade duradoura entre o bruxo e as crianças, que persistiu apesar das brigas, desencontros e o tempo.

 E sempre se lembravam do amigo efêmero, mas não descartável: O menino esqueleto 


domingo, 6 de abril de 2014

DESCOBERTA


Imagem encontrada no google

O menino muito pequeno coloca a mão no peito e se assusta. A mãe o examina e diz:

- É seu coração. Tenho também, veja só!

Ao sentir que a mãe possui as mesmas batidas, sorri.



sábado, 5 de abril de 2014

Contos de fadas por dentro( reprise)


FUGA


Marilyn Monroe



Ao fugir do Monstro-Solidão, Ana resolveu ficar famosa para ficar rodeada de gente. Mas, ele continuou por perto.

" Será?"


Imagem encontrada no google

- Essas linhas que me prendem estão me obrigando a fazer coisas. Por quê? Pare!

- Tem certeza que não deseja? Vêm dentro de você.

- Pare de imitar minha voz, não sou você.

- Será?


terça-feira, 1 de abril de 2014

PRIMEIRO DE ABRIL


Imagem encontrada no google

Micro antigo: " Curioso, Helena sempre diz que me ama no dia 1 de abril." 
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 Na escola sempre tirava 10 no primeiro dia do mês de abril. 
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 Notícia em 1 de abril!: " Acabou a violência no mundo. Agora, todos vivem em harmonia." 
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 Em sonho lhe disseram: "Ficou rico!". Quando acordou, viu que não era verdade. Teve um amargo dia em primeiro de abril.

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Reflexão em plena manhã de 1  de abril: - Papai, se a mentira existe, ela é verdadeira também, né?