Magritte " la magia nera"
- Oi!
- Oi! Quem é você?
- Não me reconhece? Sou eu, a gente conversa
constantemente na madrugada adentro em nossos sonhos.
- Como? Está equivocado, senhor.
- Poxa, no sonho é mais simpática. Não acredito que
não se recorde de nossos papos sobre livros, viagens e filmes...
- Senhor, se não parar de me importunar, chamarei a
polícia!
O homem a pegou pelo braço e a mulher gritou por socorro.
A polícia veio e ela deu queixa na delegacia.
Quando foi
dormir, sonhou com uma mulher igual a ela:
“ Desculpa incomodar seu sono, mas o rapaz que a
abordou é um cara legal. Quando ele a viu, pela primeira vez, criou-me. Mas, sou um ser com pensamentos próprios, não
uma marionete. Gosto dele por livre espontânea vontade. Por favor, retire a
queixa! Juro que conversarei com ele e
não vai mais incomodá-la!”.
A outra retirou a queixa, mas, não gostou de ter uma
versão igual na cabeça de um estranho. Queria ser a única e ficou tão agitada
que não conseguia mais dormir. Resolveu ligar para o homem que a incomodou em
busca respostas. No início, ele ficou com medo, mas, decidiu encontra-la.
O homem lhe revelou o que dialogavam e ela se
interessou pela sua réplica que vivia na mente dele. Começou a assimilar as
características da outra e a media que fazia isso, essa desaparecia da cabeça
do indivíduo que assustou no primeiro momento.
Com o passar do tempo, tornaram-se amantes e a outra
se acoplou nela, desaparecendo na cabeça dele.
A outra não lutou por sua existência autônoma,
chorou silenciosamente.